A sociedade cria modelos de pessoas e  organizações de sucesso adotando conceitos técnicos e teorias   que são exaustivamente discutidos e ensinados nas faculdades e meios acadêmicos, influenciando diretamente  na formação intelectual dos jovens trabalhadores e futuros gestores das organizações. A necessidade de vencer cada desafio remete a busca constante de resultados imediatos e o fracasso passa a ser percebido como    um pecado capital. Acontece que estas pessoas  terão que buscar resultados num ambiente de competição  e bastante complexo, onde diversos  fatores devem ser cuidadosamente analisados.

Os resultados em Saude Meio Ambiente e Segurança são reconhecidos  pelas partes envolvidas, como um  valor agregado ao negócio,  no entanto nem sempre a política praticada alcança os objetivos esperados, pois o estabelecimento de padrões operacionais , a disciplina rígida e a distribuição de Equipamentos de Proteção Individual ( EPI’S) não garantem  a excelência em SMS.  Qualquer que seja a política, temos que entender que   os valores humanos são   a base de qualquer negócio e principais vetores do sucesso.  Precisamos investir sempre nas pessoas, orientando, Treinando, Qualificando, motivando, disciplinando, envolvendo, integrando e criando um clima onde o melhor de  todos seja a soma do melhor de cada um.

Desta forma,   trago  para reflexão de todos, a importância da auditoria comportamental como uma das principais ferramentas de gestão e alavanca  propulsora da cultura de SMS como um  valor,  capaz de atuar  como escudo na prevenção de acidentes,  com forte  influencia nas decisões e escolhas do dia a dia tanto da força de trabalho quanto  das  lideranças, fazendo a diferença   na hora de optar pelo  “O QUE FAZER” E  “COMO FAZER”  considerando a criticidade do risco associado às atividades e tarefas. 

A auditoria comportamental no entanto , para ser eficaz e colhermos os seus frutos, não pode ser praticada  como  uma ferramenta de inspeção nem como as auditorias convencionais, onde o auditado fica normalmente sob tensão e  o auditor se esmera em identificar não conformidades. A auditoria comportamental deve ter foco na interação e empatia, onde se busca aumentar a confiança e a credibilidade entre as partes, traçar objetivos comuns e exercer a liderança pelo exemplo, é um momento único,  onde as partes se despedem num clima de cumplicidade e para isso a humildade e o respeito múltuo, além da  liberdade de expressão,  são fundamentais  nestes encontros integrados.

Podemos ter as melhores análises de riscos, padronizar as tarefas, oferecer recursos e tecnologia  de ponta, exigir os EPI’S  e tudo mais, no entanto se a força de trabalho não conceber o SMS como um valor fundamental e agregado aos resultados também do seu negócio, de nada adiantará este trabalho, pois a cada momento o trabalhador  toma uma decisão, se deve  parar ou continuar o  trabalho,  como utilizar  uma ferramenta, como se posicionar diante de um cenário, como bater, como transportar, amarrar, prender, armazenar,  puxar, empurrar,  subir, descer, arriar  etc. e finalmente quando alguma coisa não sai como o esperado, aí então a probabilidade de se atropelar as regras de segurança aumenta,  pois o fator tempo também possui forte influência nas decisões, a falta de previsibilidade motiva às improvisações, e o foco no imprevisto ocorrido reduz a percepção do risco, pois tira a concentração e a indisponibilidade de recursos imediatos (humanos, materiais etc) acabam elevando os riscos, tornando-os por vezes intoleráveis sem que sejam devidamente percebidos e avaliados. O sonho de todos nós é que a força de trabalho atue espontaneamente, cumprindo  os padrões operacionais,  praticando as normas e regras de segurança e as  boas práticas em SMS, sem a necessidade de supervisão. Que o trabalhador  se proteja, cuide do seu local de trabalho, não permita que outros atuem no seu ambiente de forma insegura e estenda estes cuidados aos demais colegas, além de agir  de forma pró ativa participando dos programas de segurança e dando sugestões de melhorias para aumentar os índices de segurança, conforto e produtividade. Aos gerentes cabe praticar uma gestão transparente  participativa e sem lacunas, exercendo a liderança pelo exemplo e onde o discurso seja coerente com a prática, principalmente nos pequenos detalhes, fazendo com que os trabalhadores sintam-se envolvidos e integrados, percebendo que ele e o seu trabalho são  importantes para a empresa e que  vejam também  na liderança o seu principal aliado na prevenção dos  acidentes.

Mario Cesar Barros é Técnico de Segurança do Trabalho