Com o objetivo de estabelecer ações, metas e responsabilidades, visando à diminuição do número de pássaros nas proximidades do Aeroporto de Macaé e levar importantes informações para pilotos e pessoas ligadas à atividade aérea na região, o Terceiro Serviço Regional de Aviação Civil (SERAC-3) promoveu nesta quinta-feira (14/07), o primeiro Seminário de Perigo Aviário.

O evento aconteceu no Hotel San Diego e contou com a presença do prefeito de Macaé, Riverton Mussi; o secretário de Meio Ambiente, Fernando Marcelo; o promotor de justiça do estado do Rio de Janeiro, Leonardo Cunha de Souza e o superintendente da Infraero, Brigadeiro Ananias Pinto Manhães.

O seminário teve por finalidade discutir e buscar junto aos governos, órgãos e empresas, soluções para a questão da incidência de colisão de aeronaves com pássaros que vem aumentando a cada dia, tendo em vista o incremento dos vôos, a homologação de novos aeroportos e o crescimento urbano.

Para apontar estas incidências e as soluções, foram realizadas palestras com especialistas na área. A primeira, “Perigo Aviário e Área de Segurança Aeroportuária”, foi ministrada pelo Major Flávio Antônio Coimbra Mendonça, do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeroportuários (CENIPA).

Ele falou da importância de se comunicar a ocorrência dos acidentes, para que seja realizado diagnóstico e registro dos números, para assim os órgãos responsáveis traçarem metas e ações que venham reverter e prevenir essas colisões. “Esse problema acontece no mundo, não apenas aqui. É importante que os pilotos reportem esses acidentes. Para se ter uma noção, 35% das ocorrências acontecem com aeronaves militares e desses, 99% reportam. 65% são com aeronaves civis e neste caso, a maioria não reporta”, disse ele.

A segunda palestra abordou o tema “Atividades Atrativas e Ações Recomendadas pela autoridade Aeronáutica”, ministrada pelo arquiteto Carlos Eduardo Niemayer Teixeira, do Instituto de Aviação Civil (IAC). Ele falou das atividades atrativas aos pássaros e apontou algumas das ações recomendadas pela Aeronáutica para resolver esse problema.

De acordo com ele, o que atrai os pássaros são aterros sanitários, mercado de peixe, áreas de desmatamento, ocupações precárias, canais assoreados, áreas clandestinas de disposição de resíduos próximas ao aeroporto, entre outros. “Em Macaé, a Ilha de Sant’Anna apresenta-se como santuário de nidificação de aves marinhas, as quais perfazem uma rota migratória para a serra alinhada com o mercado de peixes. No meio dessa rota está situado o aeroporto de Macaé”, explicou ele.

Entre as soluções, o arquiteto citou a reversão do quadro caótico encontrado na coleta dos resíduos sólidos em Macaé, com a adequação de tratamento de líquidos percolados do aterro sanitário existente e recuperação ambiental das áreas erodidas e invasões nas áreas contíguas ao aeroporto.

Após essa palestra, o prefeito Riverton ressaltou que dentro dessas recomendações apontadas pelo arquiteto, algumas já vêm sendo providenciadas. “Já providenciamos algumas dessas soluções e outras não cabem apenas ao governo municipal, pois são ações que necessitam de uma integração entre a Infraero, governo do estado, prefeitura e a própria população. Estamos correndo contra o tempo para resolver a instalação do aterro sanitário e estudando uma estação de tratamento de lixo, que é um investimento mais caro que o aterro e que já estamos negociando com algumas empresas”, afirmou o prefeito.

A terceira palestra falou das “Atividades de Prevenção de Perigo Aviário na Aviação Civil”, com o Tenente Coronel Jandresson Gurgel do Amaral, do Departamento de Viação Civil (DAC). Segundo ele, em 1998 houve o maior número de ocorrência de acidentes envolvendo pássaros e aeronaves e em neste ano, já foram 26 acidentes com 11 fatalidades e desses, quatro envolvendo helicópteros. Em Macaé, entre 2000 e 2005, foram registrados 13 acidentes.

A última palestra, “Ponto de vista do IBAMA”, falou da atenção que o órgão vem dando ao perigo aeroviário. O palestrante Wagner augusto Fisher, que é biólogo e coordenador do manejo de fauna do IBAMA, disse que a missão é proteger e manejar fauna e os recursos pesqueiros, buscando a sua sustentabilidade.

Além das palestras, os convidados participaram de um debate, onde apontaram outras soluções e buscaram entendimento entre os órgãos para estudarem e aplicarem as ações levantadas durante o seminário.

Fonte: Érica Nascimento