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CAIXA projeta R$ 10 bilhões em novos contratos à indústria naval em 2014


​Indústria naval brasileira projeta competir em pé de igualdade no mercado internacional no prazo de 10 anos

Com 10 estaleiros de médio e grande portes em operação e outros quatro em construção, a indústria naval brasileira caminha para recuperar a importância global perdida na década de 1990. Impulsionado pela política de conteúdo mínimo local e o crescimento do segmento de Petróleo e Gás, que responde por 80% das encomendas, o setor avança ao ritmo de 19,5% ao ano desde a retomada em 2003, conforme levantamento do Ipea.

Para acompanhar o passo, a CAIXA vem ampliando significativamente o financiamento à indústria naval. A expectativa é alcançar R$ 10 bilhões em novos contratos em 2014. A cifra representa o dobro dos desembolsos realizados desde que a Superintendência para Grandes Empresas de Petróleo, Gás e Indústria Naval do banco foi criada, em fevereiro de 2010.

"Em 2003, a indústria naval estava falida. O total de trabalhadores em estaleiros não passava de 2 mil - atualmente são 80 mil. O setor se limitava a pequenos reparos de embarcações", afirma Antônio Gil Padilha, superintendente da CAIXA. "Hoje em dia, há estaleiros construídos ao longo da costa brasileira. O conteúdo mínimo local foi uma política que deu certo".

Para financiar o seu avanço, as indústrias de construção e de reparo navais brasileiras contam com o Fundo da Marinha Mercante (FMM), que oferece recursos com taxas de juros subsidiadas e prazo alongado. Como agente financeiro do fundo, a CAIXA tem um assento no conselho diretor, que se reúne quatro vezes por ano para analisar projetos. Desde 2013, foram aprovados 419 projetos.

Depois do sinal verde do Fundo, a empresa (estaleiro ou armador, dono da embarcação) tem um ano para efetivar a contratação com um agente financeiro - CAIXA, BNDES e Banco do Brasil. O prazo de carência varia entre quatro e 20 anos a uma taxa de juros composta por TJLP mais taxa de risco, que varia de 1% a 8,5%, dependendo do projeto e do conteúdo (nacional ou importado).

No momento, a CAIXA analisa R$ 12 bilhões em projetos, R$ 8 bilhões deles vinculados ao FMM. Segundo dados do Sindicato Nacional da Indústria de Construção e Reparação Naval e Offshore (Sindaval), existem 390 encomendas na carteira dos estaleiros nacionais, avaliadas em mais de R$ 110 bilhões. O país tem hoje a terceira maior carteira de encomendas de navios petroleiros do mundo e a primeira offshore – exploração e produção de petróleo em alto-mar -, que concentra 23 dos 50 principais projetos globais.

Indústria brasileira quer competir no mercado global
Em forte processo de modernização, a indústria naval brasileira projeta competir em pé de igualdade no mercado internacional no prazo de 10 anos. Para concretizar esta previsão, o setor aposta pesado na elevação da produtividade e na qualificação de mão de obra.

“A produtividade já mudou de dois anos para cá com a chegada de gigantes japoneses, que se tornaram sócios dos estaleiros brasileiros”, diz Franco Papini, vice-presidente do Sindicato Nacional da Indústria de Construção e Reparação Naval e Offshore (Sindaval).

Japão, Coreia e China são líderes globais da indústria. Para reduzir a distância em relação ao topo, existe um consenso de que Brasil precisa seguir buscando sócios internacionais para acelerar a transferência tecnológica e investir na formação de profissionais. Tecnologia e qualificação explicam, por exemplo, por que um supervisor se encarrega de até 20 subordinados num estaleiro coreano, mas de apenas cinco, num brasileiro.

Paulo Alonso, coordenador-executivo do Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural (Prominp) da Petrobras, afirma que um trabalhador asiático, hoje, produz o mesmo que três brasileiros. “É uma questão de preparo e tecnologia. A nossa indústria naval ficou 20 anos adormecida. Estamos reaprendendo a construir plataformas, nunca havíamos construído navios-sonda, é a nossa primeira experiência”.

Na década de 1970, o Brasil chegou a ter o segundo maior polo naval do mundo, concentrado no Rio de Janeiro. Mas a indústria deixou de ser competitiva e praticamente desapareceu nas duas décadas seguintes. A retomada veio apenas em 2000, graças ao setor de gás e petróleo, no geral, e à Petrobras, em particular.

Segundo Alonso, em 2003, quando o Prominp foi criado, dois estaleiros de médio e grande portes operavam no país, empregando 7,4 mil pessoas. Entre 2006 e 2013, o país qualificou 97 mil trabalhadores para atuar na área, o número de construtores navais saltou para 10 e outros quatro estão em fase de implantação.

Como resultado, o volume de empregos diretos gerados pela indústria naval brasileira explodiu: cresceu mais de 10 vezes e ultrapassou a casa dos 80 mil, com perspectiva de chegar a 101 mil em 2016.

Apenas a Petrobras deve contratar 70 plataformas até 2030, levando em conta a exploração do pré-sal e da produção dos volumes excedentes da cessão onerosa, tarefa que a Petrobras recebeu em junho do governo.

Deste total, 15 serão destinadas ao megacampo de Libra, leiloado no ano passado, além de 50 navios de apoio, um investimento de US$ 30 bilhões. Para efeito de comparação, o Sinaval aponta que seis plataformas construídas total ou parcialmente no país foram entregues em 2013.

Fonte: Agência de Notícias Caixa