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Desenvolver indústria de petróleo é desafio no ES, diz especialista


Para o professor José Maria, tema precisa ser conhecido no setor industrial.

O Espírito Santo é o segundo maior produtor de petróleo do Brasil, com produção de 350 mil barris por dia, de acordo com dados do governo do estado. Para especialistas, o principal desafio dos próximos governantes é desenvolver a pesquisa e a capacidade da indústria do petróleo, além de estudar os impactos trazidos pelos investimentos no estado. A 'Caravana do ESTV' ouviu especialistas na área e passou pelo município de Aracruz, na região Norte, onde está localizada a maior obra em andamento do Espírito Santo, o estaleiro Jurong.

'A Caravana do ESTV' saiu do Centro de Aracruz com destino ao litoral. A estrada que liga a sede do município à orla está sendo duplicada, mas a ES-080 que passa ao lado da praia está estreita para os investimentos que estão à beira da pista e mudam a realidade local. Ao comparar uma imagem feita em 2011, quando a obra ainda não havia começado, com uma atual, é possível notar o andamento da obra. Prédios, galpões, piers, dragagem, navios, tratores e caminhões podem ser vistos em toda a parte.

A Jurong é de Cingapura, na Ásia, e veio para o estado para fazer navios que atendem a indústria do petróleo. Segundo o diretor do curso de petróleo da Universidade de Vila Velha, José Maria Nicolau, os recursos aplicados em pesquisa devem ser ampliados. "Na medida que você desenvolve a pesquisa, você está desenvolvendo a capacitação também. Então nós temos que investir em pesquisa e desenvolvimento e na formação dos recursos humanos. Cada vez mais, principalmente na área de produção e expansão de petróleo na área de geologia, automação, até mesmo a engenharia naval", explicou.

Uma das metas, de acordo com o especialista, é produzir peças e equipamentos que podem atender a indústria de petróleo e gás. "Uma das questões do petróleo no Espírito Santo é tornar o tema mais conhecido, principalmente no setor industrial. É mostrar peças e equipamentos que são utilizados em sondas e em plataformas e que empresas daqui possam produzir. Isso tem que crescer significativamente nos próximos anos e acho que vai crescer. O governo precisa criar condições, junto as empresas, ao parque metal mecânico e mostrar que existe uma série de serviços que podem ser feitos por empresas capixabas. Esse tema tem que ser mais apresentado, mais debatido", falou.

Empregos
Segundo a diretora institucional do estaleiro Jurong, Luciana Sandri, o investimento vai mudar a economia do estado. Para o engenheiro João Paulo Arruda, o estaleiro já mudou os lucros da empresa em que trabalha. Ela foi contratada para retirar o eucalipto que havia no local, depois fechou outros contratos para a terraplanagem e agora constrói muros. "Aqui, desde do auxiliar de obras ao engenheiro, ao advogado, ao administrador, independente da posição que o cara tem. vai ter uma oportunidade para ele aqui dentro", pontuou.

O engenheiro lembrou que apesar do número de oportunidades, ao todo mais de 5 mil empregos, não há mão de obra qualificada para atender. "Hoje o profissional que é recém formado tem uma dificuldade de se encontrar no mercado de trabalho, acredito que se o governo trouxesse uma aproximação entre as empresas e as universidades, não só a Ufes, mas as várias faculdades que temos no nosso estado, facilitaria a entrada desse profissional no mercado de trabalho", explicou João Paulo.

Os primeiros empregos foram para os trabalhadores da construção civil. A empresa afirma que dá prioridade para contratar gente da região e oferece treinamentos. Leonildo Batista fez um curso para se tornar soldador da Jurong. "Eu fiz curso de solda MIG/MAG. Estou feliz porque o estaleiro é uma mutinacional, está crescendo e vai ter muito tempo de serviço. Posso crescer e ir muito mais", disse.

Custo Social
A socióloga Maria Cristina Dadalto ressaltou a importância de se avaliar o custo social dos grandes investimentos no estado. "É preciso pensar em termos conjuntos, sociedade junto com governo, estado, empresas. Debater junto, porque em geral quando tem grande investimento, tem imigração grande. Esses imigrantes, muitas vezes, ou a maioria (dos imigrantes) são pessoas desqualificadas, que vêm e acabam ficando. Elas vêm e ficam. Mas elas têm família, com necessidade de saúde, educação e lazer", pontuou.

Sobre o estaleiro Jurong, Maria Cristina afirmou que o estado deve pensar estrategicamente. Precisa pensar em políticas públicas de Educação, Saúde, Lazer, acesso a esses fatores, acesso à tecnologia. "A Jurong acabou de se instalar no estado. São 2,5 mil empregos agora e depois mais 5,5 mil. Os 2,5 mil empregos de agora serão mantidos, essas pessoas permanecerão na Jurong? A gente não sabe. A grande quantidade é possível que não. E eles vão viver de quê? Como?", questionou a especialista.

Fonte: Jornal do Brasil