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Petrobras adia pagamentos e afeta fornecedores


Na gigante Petrobras, além da queda do preço do petróleo, há outros problemas, e o dinheiro anda curto. Uma fonte revelou que a empresa avisou à Technip, de capital francês, que o suprimento de tubos deverá ser mantido sem interrupção, mas que o fluxo de pagamento obedecerá a atrasos unilaterais. Nos bastidores, comenta-se que a ordem deverá ser atendida, pois não há muitas opções de clientes para quem instalou fábricas direcionadas ao mercado brasileiro de petróleo.

Uma empresa prestadora de serviços ganhou licitação para ampliar fornecimento à Petrobras e, como isso envolve novos gastos, procurou bancos, públicos e privados. A resposta foi a de que teria de dar garantias pessoais ou empresariais, pois o contrato de pagamento futuro da Petrobras não seria aceito pelas instituições financeiras como garantia. Pragmáticos, os bancos tratam a Petrobras como empresa endividada, apesar de seu enorme potencial e porte.

Uma questão insolúvel na Petrobras é a existência de 300 mil terceirizados para 100 mil empregados diretos. Trata-se de uma distorção que não foi contida no início e, agora, dificilmente será contornada sem sofrimento. Supõe-se que pelo menos metade desses 300 mil indiretos faça algo essencial, e, sem seu trabalho, a estatal iria ser prejudicada.

A crise da Sete Brasil, que precisa de US$ 13,2 bilhões para honrar suas encomendas de 28 navios-sonda, atinge diretamente estaleiros, a curto prazo. Obras estão sendo feitas, e até sua interrupção envolve custos, pois ninguém irá demitir um engenheiro para contratar outro, destinado a realizar o mesmo trabalho, em alguns meses. A médio prazo, o problema da Sete Brasil afetará o desempenho da Petrobras, pois os navios-sonda têm uso certo no pré-sal. Um imbróglio especial foi a decisão do Estaleiro Atlântico Sul (EAS), de Camargo Corrêa e Queiróz Galvão, de cancelar contrato bilionário para construção de sete navios-sonda. Como nas duas primeiras unidades já se atingiu 48% e 38% do total das obras, os dois lados vão pleitear indenização na justiça.

O Rio de Janeiro, estado que já foi atingido com a diluição do império em formação de Eike Batista, conta com 22 estaleiros e mais de 260 empresas na cadeia produtiva ligada à Petrobras. Boa parte deles está sentindo efeitos da crise. Parece brincadeira, mas a gigante Petrobras tem problemas no atacado e no varejo. Até motoristas de táxi junto à sede da Avenida Chile não recebem com o mesmo prazer os vouchers para pagamento de corridas a serem quitados pela estatal.

Fonte: Monitor Mercantil