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Firjan avalia impactos da crise na Petrobras


 Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) está elaborando um estudo para avaliar o impacto que a crise da Petrobras terá na indústria e na economia do Estado. No ano passado, o documento "Decisão Rio" - que levantou o volume de investimentos previstos de 2014 a 2016 - apurou que dos R$ 235,6 bilhões de investimentos projetados para o Estado, cerca de 60% (R$ 143,0 bilhões) correspondem a exploração e produção de petróleo e gás. Com crise da Petrobras e a queda nos preços internacionais do petróleo, os números tendem a ser revistos.

De acordo com a Secretaria Estadual de Fazenda, o Estado já contabiliza R$ 2,2 bilhões em perdas de receita por conta da redução dos preços do petróleo e, consequentemente, dos royalties. Considerando-se a queda nas receitas dos royalties para os municípios, o impacto é de cerca de R$ 4, 4 bilhões. A secretaria não apontou o volume de perdas para a capital, que concentra as maiores operadoras do setor.

O novo estudo da Firjan deve indicar quais os segmentos mais afetados na cadeia de óleo e gás. Vale lembrar que a exploração de petróleo e gás impulsiona fortemente o setor de construção naval e atrai fornecedores de máquinas e equipamentos e prestadores de serviços diversos da cadeia de petróleo e gás. A expectativa era de que esse movimento fosse intensificado nos próximos anos com o aumento da produção do pré-sal. Mas a crise da Petrobras já resultou em queda de encomendas.

"É claro que a Petrobras reduziu suas contratações de bens e serviços em face de seus problemas. Houve uma redução no ritmo das encomendas a parir do segundo semestre. Mas o plano de investimentos da Petrobras, mesmo que venha a ser reduzido, ainda é muito grande. Fornecedores diretos como a Technip, a Nov e a FMC ainda estão abarrotados de encomendas", diz Marcelo Vertis, subsecretário de energia da secretaria estadual de Desenvolvimento Econômico, Energia, Indústria e Serviços.

Ele acredita que, apesar da volatilidade dos preços internacionais e do fortalecimento de fontes alternativas, a produção mundial de petróleo, hoje em 82 milhões de barris diários, vai continuar subindo e o insumo continuará como principal fonte de energia.

Marcelo Haddad, presidente da Rio Negócios, observa que as denúncias de corrupção na Petrobras resultaram na suspensão de novas contratações com as empresas envolvidas. Isso pode atrair para o país novas companhias interessadas em fazer negócios com a estatal. Ele acredita que os investimentos em produção vão prosseguir com custos mais baixos como locação de plataformas e contratação de serviços fora do país. "Teremos uma nova cadeia de empresas entrando no Brasil e uma grande renovação dos players", prevê.

Na sua avaliação, o cenário atual privilegia investimentos com retornos de mais curto prazo e custos mais baixos. Na Rio Negócios, ele tem observado que toda a cadeia ligada à produção vinha apresentando grandes ganhos, porque a produção da Petrobras é crescente. Mas o segmento de pré-produção, como a sísmica, vem sofrendo mais. Recentemente a empresa anunciou que a campanha exploratória será reduzida.

Fonte: Valor Econômico