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Os locais para construção de equipamentos para a exploração e produção de petróleo e gás natural


Paulo Cesar Alves Rocha*

Continuando o estudo sobre os problemas atuais enfrentados pela indústria de óleo e gás, indicamos em artigo anterior que para que soluções se tornem possíveis, devemos estudar bem os locais para construção de equipamentos para a mesma, inclusive plataformas e navios.

Quanto a localização de estaleiros e locais para construção de grandes módulos e estruturas que não possam ser transportados por modais terrestres, a primeira vista parece um contrassenso um país com uma costa marítima enorme ter dificuldades em obter locais para os mesmos.

Mas devemos levar em consideração que estes locais necessitam de área abrigada, ou seja, que sofram a ação direta de ondas oceânicas, o que já limita em muito a costa. Mas para efeitos deste estudo, levaremos em conta as áreas em que é economicamente viável torná-las abrigadas.

Se ainda levarmos em conta as áreas da costa que tem obstáculos naturais, como recifes ou banco de corais, além das que tenham problemas ou de impactos ambientais ou estejam envolvidas por malha urbana, aí veremos que restam pouquíssimas áreas.

Chegamos assim ao cenário atual, de um lado áreas novas distribuídas por locais como Pernambuco, Bahia, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Do outro lado temos as áreas de estaleiros e locais para grandes construções já existentes e que se concentram quase todas nas baias da Guanabara e de Angra dos Reis.

Nas novas áreas se procuraram localizar novos estaleiros e empresas, enquanto as antigas do Rio de Janeiro ficaram subutilizadas. Aqui não se quer tomar partido de nenhuma preferência ou de ser contra a descentralização com o progresso das diversas regiões do Brasil, mas a experiência demonstrou que a implantação de novos estaleiros e empresas em locais que não tradicionalmente o faziam, ou não deram certo ou não conseguem cumprir os contratos dentro de prazos e preços razoáveis. Aí estamos vendo as construções contratadas irem todas para outros países, principalmente a China.

Para viabilizar a construção de navios, plataformas e partes para os mesmos, não se pode contar apenas com obras perfeitas de construção civil, temos que contar com tradição de pessoal capacitado, que a experiência demonstrou que na escola se aprende, mas é na instalação industrial que se consolida o aprendizado, temos que contar com logística fácil tanto de acesso rodoviário quanto de portos em que se concentrem os navios de linhas internacionais. Tem-se que pensar também no fácil acesso de funcionários dos locais onde eles possam morar dignamente até o estaleiro ou empresa industrial. Temos casos no Brasil em que se demoram duas horas para ir e duas horas para voltar.

Atualmente as áreas situadas em locais com tradição de construção naval e pesada estão sendo subutilizadas por diversos problemas legais, como recuperação judicial, etc. Estão em situação especial, mas que mereceriam uma atenção não para ajudar quem fez alguma coisa mal feita e sim para que estas áreas pudessem se agregar ao processo produtivo da indústria de óleo e gás.

As áreas para estaleiros e para construção de grandes partes de embarcações e plataformas de exploração ou produção de petróleo e gás natural tem grande relação com o conteúdo nacional, pois mesmo que quase todas as partes venham a ser construídas fora do Brasil, somente o fato de terem aqui a montagem final sempre agrega mão de obra e transferência de tecnologia.
 
Paulo Cesar Alves Rocha
Diretor Executivo da LDC Comex

Sobre Paulo Cesar Alves Rocha
Engenheiro industrial, Paulo Cesar Alves Rocha é mestre em Engenharia de Transportes; Economia e Finanças Internacionais. Autor de vasta literatura na área, incluindo o livro “Regulamento Aduaneiro Anotado com Textos Legais Transcritos, em sua 16o edição, foi auditor fiscal da Receita Federal, tendo ocupado diversos cargos na Escola Fazendária e na direção de órgãos da Secretaria da Receita Federal e do Ministério da Fazenda. Foi membro do Grupo de Trabalhos Especiais e na Divisão de Controle Aduaneiro da 7ª Região, onde realizou trabalhos nas áreas de elaboração e consolidação de legislação, classificação de mercadorias, valoração aduaneira e alfandegamento de recintos públicos. Atualmente, é consultor tributário, de comércio exterior, legislação aduaneira e de implantação de projetos na área de energia na LDC, onde ocupa o cargo de Diretor Executivo.

Fonte: Bernardo Biavaschi - Star Com