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Israel quer novas parcerias com Brasil para tecnologias no setor de petróleo


Israel vem aumentando sua busca por oportunidades no setor de óleo e gás brasileiro, e a inovação é um dos focos da aproximação do país com a indústria nacional. O governo israelense assinou um acordo com o Brasil em 2010 e desde então já fez duas chamadas para propostas de projetos de pesquisa e desenvolvimento realizados em parceria entre empresas dos dois países. Agora um terceiro edital encontra-se aberto, e o segmento de óleo e gás será um dos focos de interesse.

O Cônsul para Assuntos Econômicos da Missão Econômica de Israel no Rio de Janeiro, Daniel Kolbar, conta que não há um teto de recursos pré-estabelecido para concessão aos projetos e nem um número máximo de propostas a serem aprovadas, mas ressalta que precisam fundamentalmente ser inovadoras. Além disso, as empresas não ficarão com dívidas caso não consigam gerar retornos após o desenvolvimento dos projetos. Caso tenham lucro, elas devolvem apenas o que receberam, sem juros. Já se não tiverem resultados positivos, não precisam devolver nada. “Quanto mais inovador o projeto, maior o risco, e isso é uma barreira de realização”, afirma Kolbar, explicando a importância da participação do governo como fomentador da inovação. Para divulgar o edital aberto e debater as oportunidades de parcerias entre as empresas israelenses e brasileiras, será realizado um evento no Rio, na quinta-feira (16), em parceria com o Sebrae.

Como surgiu a ideia do evento?

Existe um acordo de cooperação tecnológica entre Brasil e Israel, que está em vigência desde 2010, para incentivar empresas dos dois países a fazerem projetos em parceria, e o evento tem relação com isso. Estamos no terceiro edital de chamada para propostas de cooperação de pesquisa e desenvolvimento industrial, e nos juntamos ao Sebrae para fazer esse encontro de promoção, com o intuito de que mais empresas tomem conhecimento dessa possibilidade.

Quais são os setores contemplados?

Desta vez está aberto para todos os setores e todos os tipos de tecnologia. Mas recentemente começamos a explorar mais o setor de óleo e gás, inclusive com resultados muito bons na OTC de Houston, e queremos dar uma atenção maior ao segmento, para que empresas brasileiras e israelenses façam parcerias.

Quais são as exigências e contrapartidas do edital?

É um mecanismo para oferecer compartilhamento de risco de projetos de inovação às empresas. Fazemos isso em Israel, investindo a fundo perdido em projetos pré-aprovados conforme critérios bem definidos. O projeto tem que ser inovador e a empresa tem que mostrar que tem uma boa possibilidade de atender à demanda, se o projeto der certo. Não são as mesmas exigências que um investidor privado vai fazer, porque ele vai querer mais segurança em relação ao retorno do capital. Quanto mais inovador o projeto, maior o risco, e isso é uma barreira de realização. Por isso que Israel investe muito nisso. É uma combinação importante para as duas partes. Se tiver sucesso, a empresa vai devolver depois o valor que foi concedido, sem juros. Se não tiver sucesso, é a fundo perdido.

Qual o volume de recursos do edital?

Não há um valor específico disponibilizado, porque nesse caso não é um fundo que foi aberto com um valor disponível para projetos. Até temos esse mecanismo com outros países, mas aqui é caso a caso. Não tem limite de recursos, e não tem limite de aprovações. Vão ser selecionados os projetos que forem aprovados. No edital passado, 10 projetos se candidataram e cinco foram aprovados. Também não têm pré-requisitos mínimos para inscrição. A única delas é que os projetos têm que ter uma empresa brasileira e uma israelense envolvidas.

Como serão concedidos os repasses?

Cada governo apoia a empresa de seu país naquele projeto, com as necessidades financeiras apresentadas por ela. O custo relativo à companhia brasileira fica com o Brasil e o da israelense fica com Israel. E têm instituições financeiras brasileiras que dão o financiamento para as empresas brasileiras; principalmente Finep e BNDES.

Como será a seleção?

É feita em conjunto pelos dois países. Do lado israelense, quem responde é uma agência do governo, chamada Matimop, e no Brasil é administrado pela secretaria de inovação do Ministério do Desenvolvimento (MDIC). Mas, no comitê de seleção, além dos representantes do ministério, têm também pessoas da Finep, do BNDES e de várias outras instituições.

Quais setores Israel quer promover?

Na verdade não é uma divisão por setores, mas por decisão estratégica. O governo não quer ditar ao mercado sobre quais áreas fazer projeto. É a indústria que tem que ditar isso. Sabemos quais são as áreas que mais apresentam projetos: Telecomunicações (28%), Saúde (25%), Softwares (10,5%), Eletrônicos (9,8%), entre outros. O segmento de petróleo e gás é interdisciplinar, e temos soluções em várias áreas que se relacionam com esse setor, por isso não está diretamente discriminado nas estatísticas. Nos últimos anos, começamos a separar mais o segmento de óleo e gás como um específico.

Quais são as maiores oportunidades no desenvolvimento de novas tecnologias para óleo e gás, na sua visão?

Vemos oportunidades em várias áreas. Dividimos o setor em várias categorias e subcategorias. São seis principais: monitoramento e controle; TI e telecomunicações; consultoria e serviços; engenharia e construção; segurança; e tecnologias de água e meio ambiente. Algumas áreas em que vemos mais possibilidades são relativas a segurança ocupacional e a tecnologias de água e meio ambiente. Porque a indústria usa muita água em seus processos e Israel tem muita expertise nisso. Nosso país é o que mais produz água dessalinizada no mundo, pela falta de recursos hídricos, com reaproveitamento de 80% da água utilizada. O segundo país depois de Israel é a Espanha, com 12% de reutilização. Outra área de bastante interesse é a de cibernética, porque Israel é considerado líder mundial nessas tecnologias, e é muito relevante para o setor de petróleo e gás.

Tem se reunido com as operadoras presentes no Brasil, incluindo a Petrobras, para avaliar as maiores necessidades delas?

Tivemos várias reuniões, tanto com a Petrobrás quanto com outros atores do setor, mas agora nosso foco são as empresas menores. Esse evento é focado nas pequenas e médias empresas, por isso formamos a parceria com o Sebrae.

Por que o interesse maior em óleo e gás?

Nosso país não tem petróleo, mas descobriu gás recentemente, então temos interesse em ampliar nossos conhecimentos e nos beneficiar da experiência do Brasil das últimas décadas.

Fonte: Petronotícias