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Preços derrubam receitas das grande petrolíferas


A queda vertiginosa do preço do petróleo no mercado internacional corroeu os resultados das maiores petrolíferas do mundo, que divulgaram mais um trimestre de receitas significativamente menores, a despeito dos aumentos de produção e cortes de custo adotados para mitigar o problema.

Um levantamento feito pelo Valor com os balanços de nove das maiores empresas internacionais do setor mostra queda de 33% na receita do segundo trimestre na comparação anual, apesar de oito delas terem reportado aumento na produção.

O lucro combinado dessas empresas também caiu fortemente, mas também refletiu fatores não recorrentes, como o pagamento de um encargo bilionário pela BP, encerrando os processos do vazamento de óleo no Golfo do México em 2010.

Todas as companhias apontaram a queda dos preços do petróleo como uma das principais razões da deterioração de seus balanços. No segundo trimestre, os preços do Brent ficaram próximos de US$ 60 o barril, muito abaixo dos US$ 110 o barril do mesmo intervalo do ano passado. Para o terceiro trimestre, o efeito pode ser pior, uma vez que os preços voltaram para menos de US$ 50 o barril e ainda não há expectativa de adequação da oferta da commodity à demanda no mercado.

As condições adversas fizeram com que as empresas adotassem estratégias para minimizar os danos, como reestruturações, demissões e cortes de custos e de investimentos. A Shell cortou os investimentos previstos para este ano em 20%, para US$ 28 bilhões, e também informou que seus custos operacionais devem ser US$ 4 bilhões menores no ano. Como parte dessa reestruturação, serão eliminados 6,5 mil empregos. Os custos e investimentos devem continuar caindo também em 2016.

"A queda do preço do petróleo que começou em 2014 está causando mudanças significativas em nossa indústria. A queda dos preços do petróleo pode durar muitos anos, não temos uma bola de cristal", disse Ben Van Beurden, presidente da Shell. A estratégia da companhia prevê que a situação continuará difícil por um período prolongado. "A Shell está respondendo com urgência e determinação", disse ele.

Outra que anunciou redução de empregos para lidar com a situação foi a Chevron. A companhia, que fez uma baixa contábil de US$ 1,96 bilhão em seus resultados do trimestre refletindo a expectativa de menor lucratividade nos campos petrolíferos em que atua por causa das quedas nos preços, disse que vai cortar 1,5 mil empregos, incluindo 270 vagas em aberto que não serão preenchidas. Esse plano visa economizar US$ 1 bilhão em despesas.

A norueguesa Statoil conseguiu limitar os danos dos preços do petróleo com o aumento das vendas e com a redução dos investimentos no trimestre.

Em comunicado, o presidente da Statoil, Eldar Saetre, disse que não mudou suas expectativas com relação aos preços do petróleo para 2018, que acredita que devem chegar a US$ 80 por barril, apesar das preocupações atuais do excesso de oferta, mas acrescentou que "o caminho pode ser irregular". Para o executivo, os preços ficarão instáveis enquanto a oferta superar a demanda.

A ExxonMobil não informou novo corte no plano de investimentos, mas disse que os aportes feitos no segundo trimestre foram 15,7% menores em comparação com o mesmo período do ano passado, refletindo a estratégia de contenção de custos.

Segundo o Morgan Stanley, a companhia não está cortando custos com a mesma urgência que suas concorrentes Chevron e Shell, gastando mais com investimentos e dividendos do que sua geração de caixa operacional. Segundo o banco, foi a falta de um programa mais amplo de corte de custos e demissões que determinou a queda de mais de 4% das ações na sexta-feira, após a publicação dos resultados.

Na segunda, a queda do preço do petróleo derrubou novamente os preços das ações das petroleiras. As ações da ExxonMobil fecharam em queda de 1,56%. A Chevron perdeu 3,3%, as ações da BP recuaram 1,33% e os papéis da Total desvalorizaram 1,4%.

Fonte: Valor Econômico