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Plano da Petrobras exigirá disciplina


A agência de classificação de risco Moody's avalia que o cumprimento das metas financeiras do plano de negócios da Petrobras para o período entre 2017 e 2021 depende de disciplina "extrema". O plano tem como principal objetivo retomar o selo de bom pagador.

"Excluindo fatores que estão fora do controle da companhia, como preço do petróleo e taxa de câmbio, o novo plano da Petrobras é desafiador", diz a agência. "O sucesso da companhia em atingir suas metas de desalavancagem, o que seria positivo para sua nota de crédito, dependerá de extremo foco e disciplina da gestão", completa.

O plano antecipa para 2018 a meta de reduzir a relação entre dívida e geração de caixa para 2,5 vezes, considerada adequada pelas agências de classificação de risco -no segundo trimestre, eram 3,99 vezes. No plano anterior, a meta só seria atingida em 2020.

Em entrevista para detalhar o plano, na terça, o presidente da estatal, Pedro Parente, disse que a Petrobras terá dois anos de austeridade para depois voltar a crescer. A Petrobras perdeu o selo de bom pagador em 2015, diante do crescimento acelerado de seu endividamento em meio a um cenário de queda dos preços do petróleo. E em fevereiro de 2016, a Moody's voltou a rebaixar a nota da estatal. Mais um rebaixamento levaria a empresa ao nível de alto risco de calote.

Um relatório divulgado em 21/09, o banco UBS diz acreditar que a nova postura da gestão da estatal dará início a um período de "lua de mel" com investidores. Também em relatório, analistas do banco BTG Pactual dizem que "todos os números principais (do plano) vieram positivos e melhores do que o esperado". Eles alertam que a manutenção da meta de produção mesmo com queda nos investimentos pode gerar algum ceticismo, mas que, com mudanças nas regras de conteúdo local e contratação de plataformas no exterior, a empresa pode superar o desafio.

'Ambicioso'

Ontem, Pedro Parente apresentou o novo plano de negócios da estatal. "Esse é um plano ambicioso que requer medidas em várias frentes. Apesar do imenso desafio que constitui, estamos confiantes de que vamos alcançar", afirmou o executivo. "Precisamos de todos os parceiros nessa empreitada, que não é pequena", frisou.

Para Parente, a obrigatoriedade de participação da Petrobras no pré-sal é ruim para o País e para a estatal. O executivo tem defendido abertamente a proposta do ministro José Serra, de alteração da lei atual que exige a participação da estatal em todos os campos.

Segundo Parente, a Petrobras não tem condições de investir em todos os campos. "Após dez anos no pré-sal, temos conhecimento que nos permite ser seletivos para aplicar bem o capital, especialmente em um quadro de escassez de recursos", disse.

A diretora de Exploração e produção da Petrobras, Solange Guedes, sinalizou que a companhia manterá foco na recomposição de suas reservas no médio prazo, após passar pela readequação de sua situação financeira. Segundo ela, no curto prazo, o foco é a rentabilidade da companhia.

Fonte: Diário do Nordeste