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Vallourec prevê retomada da demanda por tubos


O grupo francês Vallourec, grande fabricante de tubos de aço, está animado com a perspectiva de demanda maior por tubos após a apresentação do plano de negócios da Petrobras para o período 2017-2021. O presidente do grupo no Brasil, Alexandre Lyra, disse em entrevista ao Valor que espera aquecimento no mercado doméstico com o equilíbrio das finanças da estatal, além da perspectiva de mudanças na exigência de conteúdo local e nas licitações de campos de exploração, especialmente do pré-sal.

De acordo com o executivo, um ponto importante da divulgação da Petrobras é um programa de investimentos mais enxuto e realista. Ao mesmo tempo, ele vê com bons olhos o fato de o orçamento menor não ter provocado uma estimativa de corte na meta de produção.

"Isso não baixa as projeções de demanda por tubos [que, entre outras aplicações, são usados no setor de petróleo e gás na instalação de poços] e, ainda por cima, há o planejamento de revitalizar a operação em algumas unidades já em atividade na Bacia de Campos, por exemplo", declarou Lyra após o Congresso Latino-americano da Construção Metálica (Construmetal), em São Paulo.

Na terça-feira, a petrolífera brasileira informou que vai investir US$ 74,1 bilhões de 2017 a 2021. O orçamento representa queda de 25% frente ao programa anterior, 2016-2020. Esse corte é muito importante para que a companhia consiga acelerar seu processo de desalavancagem, reforçado também pelo programa de venda de ativos.

Ao mesmo tempo, a estatal praticamente manteve a curva prevista de produção no período e aguarda nível de 2,77 milhões de barris de petróleo por dia no Brasil em 2021. A meta é chegar já em 2018 com alavancagem (dívida líquida/Ebitda) de 2,5 vezes, contra 4,5 vezes registrada em junho deste ano.

O presidente da Vallourec, que no mês que vem conclui a união de operações no país - da Vallourec Tubos do Brasil com a Vallourec & Sumitomo Tubos do Brasil -, elogiou as perspectivas de exigência mais suave para conteúdo local na exploração petrolífera. Se uma empresa puder comprar tubos aqui, por exemplo, e com isso ganhar bônus para poder importar outros materiais em falta no Brasil, Lyra crê que haverá potencial para a venda de seus produtos no âmbito doméstico. O governo se mostrou mais flexível em relação a essa prática após o país falhar em criar um parque industrial que forneça o material necessário por aqui.

Com unidades produtivas em Jeceaba e Belo Horizonte, em Minas, a média do mix de vendas da Vallourec está em 55% a 60% de produtos destinados ao mercado interno. Para 2016, essa proporção deve se manter, informou Lyra. A capacidade conjunta passará a ser de 600 mil toneladas/ano.

Fonte: Valor