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Petrobras e o seu futuro


Além de vender ativos, cortar gastos e reduzir investimentos são os fundamentos da estratégia da Petrobras para recuperar plenamente o equilíbrio financeiro, meta a ser alcançada num prazo de quatro a cinco anos. Conforme anunciado, a estatal carrega uma dívida estimada em U$ 123 bilhões, o equivalente a 5,3 vezes sua capacidade de geração de caixa, alavancagem que deve ser reduzida a 2,5 vezes até 2018. Com valor de mercado de U$ 57,5 bilhões, a venda de ativos, se confirmadas as expectativas da direção da empresa, somará U$ 19,5 bilhões, enquanto os investimentos previstos para o período entre os anos de 2017 e 2021 chegarão a U$ 75 bilhões. O tamanho do corte fica bem ilustrado com o conhecimento da programação de investimentos para o quinquênio 2014/18, que era de U$ 220 bilhões.

No entendimento do atual governo, são opções drásticas mas de sobrevivência.
A situação de evidente desequilíbrio financeiro em que a Petrobras se encontra guarda relação, evidentemente, com o processo de corrupção em que foi envolvida, mas é consequência, sobretudo, da queda dos preços do petróleo no mercado internacional, que coincidiu com o período mais agressivo de sua política de investimentos. Para a atual administração da empresa, será possível reencontrar o ponto de equilíbrio e ao mesmo tempo manter estável a produção de petróleo e gás, num nível de 2 milhões de barris/dia até 2018 e chegar a 2,77 milhões de barris/dia em 2021, quando a cotação média do barril terá chegado a U$ 71, contra a média atual de U$ 45.

Pedro Parente, presidente da Petrobras, garante que estas mudanças serão realizadas sem prejuízo do papel estratégico da empresa para a economia nacional e garantia de controle sobre as reservas de petróleo. São pontos sobre os quais não deveria haver qualquer espaço para negociação, embora a realidade sugira o contrário, não levando em conta que a indústria petrolífera continua sendo o principal suporte da economia moderna. Preocupa, nesse sentido, principalmente, a disposição da empresa, agora revelada, de sair das áreas de fertilizantes e petroquímica, setores críticos tanto para a indústria quanto para o agronegócio. Mudar pode claramente ser um retrocesso, na medida em que recoloca o País numa situação de dependência e vulnerabilidade.

Em síntese, todos os movimentos que aos poucos vão sendo ensaiados devem ser avaliados com bastante cautela. A Petrobras precisa ser recuperada, precisa ser levada de volta ao seu trilho, mas sem que suas dificuldades acabem sendo pretexto para algo que, na prática, poderá significar a sua liquidação, ainda que disfarçadamente.

Fonte: Editorial Diário do Comércio