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Petrobras registra prejuízo de R$ 14,82 bilhões em 2016


A Petrobras registrou em 2016 prejuízo de R$ 14,824 bilhões, menor que a perda de R$ 34,8 bilhões de 2015. No quarto trimestre do ano passado, a estatal teve lucro líquido de R$ 2,5 bilhões. Em todo 2016, a receita da companhia caiu 12%, para R$ 282,5 bilhões.

A companhia destacou ainda que em 2016 o fluxo de caixa livre foi de R$ 41,572 bilhões, 2,6 vezes superior ao registrado no exercício de 2015. Segundo a estatal, isso reflete a redução de investimentos em 32% e também a maior disciplina na utilização de capital.

— Houve melhoras operacionais. A dívida ficou abaixo dos US$ 100 bilhões. Mas ainda é muito alta — disse Pedro Parente, presidente da estatal.

Houve ainda redução do endividamento bruto, em 22%, passando de R$ 493,023 bilhões, no fim de 2015, para R$ 385,784 bilhões, no fim de 2016. Essa redução redução de R$ 107 bilhões é consequência da amortização de dívidas, utilizando recursos de desinvestimentos e de geração de caixa operacional, e apreciação do real em 16,5%. O endividamento líquido caiu em 20%, passando de R$ 392,136 bilhões para R$ 314,120 bilhões. Em dólar, recuou de US$ 110,4 bilhões para US$ 96,3 bilhões.

Parente destacou o recorde de produção de petróleo, com 2,144 milhões de barris por dia de petróleo. Ele destacou que em dezembro houve recorde com 2,9 milhões de barris de petróleo equivalente no Brasil e no exterior.

— Houve avanço das exportações. No último trimestre houve avanço de 12% nas exportações. Reduzimos ainda em 32% os investimentos e reduzimos em 20% a força de trabalho. Houve 6% de redução dos gastos operacionais. Quero ressaltar que a dívida ainda é muito alta — destacou Parente.

Os investimentos chegaram a R$ 48,1 bilhões no ano passado, queda de 32% ante o ano de 2015. A geração de caixa operacional subiu 4%, para R$ 89,7 bilhões. Ivan Monteiro, diretor Financeiro da Petrobras, destacou que a dívida caiu por uma série de motivos, como pela política de venda de ativos e a produção.

— A Petrobras entrega pelo segundo ano a sua meta de produção. Mantivemos a nossa produção em um ano em que cortamos o investimento. Com a decisão do TCU, ganhamos uma dinâmica nova na venda de ativos — disse ele.

Ele destacou que deve entrar no caixa da companhia em 2017 a venda de ativos como a da distribuição do Chile, usinas de cana de açúcar, a NTS, a Liquigás, a petroquímica Suape, a parceria com a Total e a segunda parcela da alienação de Carcará.

Ivan disse que serão reiniciados o processo de venda da BR Distribuidora, de dez polos de campos terrestres e campos de águas rasas em Sergipe e Ceará. Está em fase de negociação, com autorização do TCU, a venda de ativos como participação do campo de Saint Malo, no Golfo do México, campo de Baúna e a venda de 50% de Tartaruga Verde.

AUMENTO NA PRODUÇÃO

Solange Guedes, diretora de Exploração da Petrobras, destacou que a produção aumentou 10% entre o primeiro e o quatro trimestres do ano passado.

— Entraram três novas unidades no ano passado. Além disso, teve o desinvestimento na Argentina e o declínio de produção dos campos. Ficamos acima de 2,8 milhões (de barris equivalentes) de produção durante o ano inteiro. Isso ajudou nas receitas da companhia — disse Solange.

Ela lembrou que a produção no pré-sal ficou acima de um milhão de barris por dia. Pelo terceiro ano, a empresa apresentou queda nos custos de extração.

— O custo de extração caiu de US$ 14,1 em 2014 para US$ 10,3 no ano passado. No pré-sal, o custo de extração ficou abaixo de US$ 8. Tivemos três aumentos de produtividade, com redução de 21% no número de helicópteros. Transportamos mais de um milhão de passageiros por ano. Reduzimos 26% a frota de navios de transporte de carga e houve queda de 24% na frota de sondas flutuantes. Tivemos uma redução de 25% no tempo de construção de poços. O foco é ter uma operação otimizada — destacou ela.

MENOS CUSTOS LOGÍSTICOS

O volume de vendas de derivados de petróleo no Brasil no ano passado caiu 8%, segundo Jorge Celestino, diretor de Refino. Houve queda das vendas de gasolina e diesel. Ele destacou, por outro lado, que a companhia aumentou a exportação de derivados e petróleo, que subiu de 562 mil barris por dia para 634 mil barris diários entre 2015 e 2016.

Celestino destacou que com a maior produção do pré-sal, que tem petróleo mais leve em relação à Bacia de Campos, por exemplo, usou mais petróleo nacional nas refinarias. Com isso, a petrobras reduziu os custos logísticos:

— Isso nos proporcinou economizar US$ 300 milhões com a economia de custos logísticos.

AUMENTO DA META DE DESINVESTIMENTO

Ao final da apresentação, Parente fez um balanço do Plano de Negócios 2017-2021. Ele destacou a política de preços.

— Temos seguido conforme anunciado. Revisamos pelo menos uma vez por mês, levando em conta os preços no mercado internacional e olhando o câmbio e o market share (a participação de mercado). Fizemos seis movimentos de preços. Em quatro, houve redução de preço. No diesel, já há redução de 200 mil metros cúbicos entre outubro e dezembro na importação por terceiros.

Ele destacou que o plano sofre dois ajustes. O investimentos aumentou 1% — de US$ 74,1 bilhões para US$ 74,5 bilhões no período de cinco anos. A companhia aumentou a meta de desinvestimentos, de US$ 19,5 bilhões para US$ 21 bilhões. Ele destacou que esse avanço ocorreu por conta do não cumprimento da meta entre 2015 e 2016.

SEM DIVIDENDOS

Com relação aos dividendos, Parente disse que não serão pagos:

— Não vamos pagar dividendos porque não tivemos resultado positivo em 2016.

PONTOS POSITIVOS

Ivan Monteiro destacou que o ponto mais importante da Petrobras é a previsibilidade, ao "cumprir pelo segundo ano consecutivo sua meta de produção". Além disso, destacou a política de preços e a disciplina do investimento e a eficiência da companhia, através do corte de custos.

— A nova realidade da companhia é o Brent nesse nível. Tem que ser lucrativo nesse patamar. E o aumento do pré-sal na produção aumenta a nossa produtividade — destacou Monteiro.

Parente destacou os bons números operacionais, como sete trimestres de fluxo de caixa positivo.

— (O grau de investimento) não depende só de nós. A direção do plano e a redução do endividamento com uma situação operacional positiva sugere que podemos ter revisões próximas positivas. Mas isso depende das agências.

Parente prevê investimento de US$19,8 bilhões em 2017. A meta de produção é de 2,07 milhões de barris de petróleo. Parente destacou que prevê seguir com a redução de custo, investimento mais eficiente e desinvestimento para chegar ao fim de 2018 com um índice de alavancagem (relação entre dívida líquida e geração de caixa) abaixo de 2,5 vezes.

— Vamos fazer tudo o que for possível para atingir as metas, como redução de custos e desinvestimentos. Na área de refino, buscamos parcerias e estamos estudando modelo. Ainda não temos uma decisão de como vamos fazer o modelo de parceria para as refinarias — disse o presidente da estatal.

Fonte: O Globo