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Para Goldman Sachs, Opep deve adotar postura mais firme


Londres – A principal pergunta nos mercados de petróleo é o que a Opep deveria fazer quando seu acordo para prolongar a redução da produção expirar no segundo trimestre do ano que vem. O Goldman Sachs Group tem uma resposta, que requer um pouco de equilíbrio.

Os preços do petróleo caíram 8 por cento desde 25 de maio, quando a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados concordaram em manter a produção reduzida até abril, em meio à incerteza sobre o que farão depois disso.

Segundo o Goldman Sachs, o desafio para a organização é reduzir a oferta o suficiente no curto prazo sem aumentar os preços tanto que os produtores rivais voltem a trabalhar.

Para conciliar esses objetivos a Opep deveria reduzir mais a produção agora e ao mesmo tempo avisar que voltará a produzir abruptamente quando o excesso for eliminado, segundo Jeff Currie, diretor de pesquisa sobre commodities do banco em Nova York.

Como resultado, os preços de longo prazo cairiam abaixo dos preços de curto prazo — estrutura conhecida como “backwardation” –, tornando mais difícil para os concorrentes da Opep financiar qualquer retorno.

“A Opep deveria ter diminuído mais, em vez de diminuir por mais tempo, para gerar backwardation, e ter comunicado ao mercado uma ameaça consistente de maior participação no mercado”, disse Currie em entrevista por telefone.

“Isso teria exercido uma pressão descendente maior sobre o extremo final da curva, desencorajando investimentos futuros.”

Dificuldades

A proposta do Goldman para administrar a transição não está isenta de dificuldades.

Para começar, a Opep ainda tem dificuldades com a primeira parte da estratégia — demonstrar seu compromisso de diminuir o excesso dos estoques mundiais de petróleo, segundo a consultoria Energy Aspects em Londres.

A organização tem que reforçar o corte da produção com uma redução correspondente nas exportações, afirma a empresa.

“Para recuperar a confiança, os membros fundamentais da Opep deveriam retirar discretamente mais barris do mercado”, disse Amrita Sen, analista-chefe de petróleo da consultoria. “O mercado não dará muito mais chances à Opep.”

Os estoques globais aumentaram no primeiro trimestre, porque os produtores aumentaram as exportações justo antes da entrada em vigor do acordo de redução em janeiro, segundo a Agência Internacional de Energia.

Posteriormente eles mostraram um forte compromisso de efetuar as reduções prometidas, mas isso encorajou os perfuradores de xisto dos EUA, que aumentaram o número de sondas utilizadas durante 20 semanas consecutivas, afirma a Baker Hughes.

Justificativas

Também poderia haver um problema com a proposta do Goldman de a Opep fazer uma declaração destinada a diminuir os preços e os investimentos no longo prazo, pois muitas vezes os funcionários justificaram a intervenção atual com o objetivo de reverter o impacto dos recentes recortes de gastos no setor de petróleo e prevenir uma escassez de oferta no futuro.

Contudo, voltar a se concentrar na participação de mercado seria coerente com abordagens anteriores da Opep para reduzir a produção, disse Currie, do Goldman.

“Eles têm precedentes bem-sucedidos, como no fim da década de 1980 e na década de 1990”, disse ele. “Eles só aumentaram a produção continuamente nesse período.”

Fonte: Exame