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Leilões do pré-sal vão gerar mais de R$ 100 bilhões em investimentos e 500 mil empregos


Certames acontecem em outubro

RIO - O Brasil realiza, no dia 27 de outubro, a mais aguardada oferta de campos de exploração de petróleo e gás no mundo, com o segundo e terceiro leilões de áreas do pré-sal. O apetite das gigantes petrolíferas é tão grande que estimam-se ganhos superlativos para o país com as rodadas. De acordo com cálculos da Agência Nacional do Petróleo (ANP), feitos com exclusividade para o GLOBO, os oito blocos a serem leiloados vão gerar US$ 36 bilhões (cerca de R$ 115 bilhões pelo câmbio atual) em investimentos.

Boa parte desses recursos será convertida em encomendas à indústria e em novos serviços pelos próximos sete a dez anos. O desenvolvimento dessas novas reservas — estimadas em 4,4 bilhões de barris de petróleo no mínimo, ou mais de um terço das reservas provadas do país, de 12,5 bilhões de barris — vai gerar cerca de 500 mil novos empregos, segundo projeções da Abespetro, associação que reúne as empresas prestadoras de serviços para o setor.

Os dois certames serão feitos para exploração sob o regime de partilha. Nesse modelo, vence quem oferecer o maior lucro para a União em petróleo, o chamado óleo-lucro. Por isso, foi instituído um bônus fixo para cada uma das áreas, somando R$ 7,75 bilhões. A ANP estima que essas reservas, ao serem desenvolvidas, vão gerar cerca de US$ 130 bilhões em royalties, óleo-lucro e imposto de renda.

O primeiro leilão no regime de partilha foi o da área de Libra, em 2013, arrematada pelo consórcio formado por Petrobras, Shell, Total e as chinesas Cnooc e CNPC, sem disputa. Em 2017, ao contrário, espera-se disputa acirrada.

Isso porque, embora os leilões brasileiros concorram com boas oportunidades de exploração nos quatro cantos do planeta, o pré-sal tem características únicas tanto em volume quanto em produtividade dos poços, que chegam a 40 mil barris por dia, explica o diretor-geral da ANP, Décio Oddone.

— O pré-sal em produtividade é extraordinário e concorre com poucas regiões do planeta, só com Oriente Médio. E estar no pré-sal é como jogar na “primeira liga” do petróleo mundial, onde todas as gigantes querem estar. Já na “segunda liga” estão os poços tradicionais de águas profundas, com uma produtividade média de 5 mil a 8 mil barris por dia. Neste caso, além do Brasil, tem o Oeste da África e o Golfo do México. Este leilão é para grandes companhias, grandes investimentos, grande produção — avalia Oddone.

José Firmo, presidente da Abespetro, diz que os leilões vão marcar a volta dos investimentos no setor, seriamente afetado pelo escândalo de corrupção na Petrobras.

— A expectativa é positiva. Houve mudanças regulatórias nos últimos tempos, o que está ajudando a atrair os investidores. Por isso, há potencial para voltarmos ao patamar anterior à atual crise, podendo, assim, gerar mais 500 mil empregos na cadeia ligada ao setor de petróleo nos próximos anos — destacou Firmo.

Segundo ele, a economia também será beneficiada pelo salário médio do segmento, que é de R$ 8,7 mil, quase quatro vezes superior à média da indústria brasileira.

— Os salários gerados no setor de óleo e gás são elevados, quando comparados a outros setores industriais do país. O pré-sal tem potencial para liderar a retomada do emprego e da renda — destacou Firmo.

Os investimentos programados no setor na carona dos oito blocos do pré-sal serão feitos ao longo dos próximos dez anos. Mas já há segmentos da economia lucrando com eles. É o caso das consultorias. Na Ernst & Young (EY), houve crescimento de 30% na equipe de análise do setor de petróleo, destacou Carlos Assis, sócio que é líder do Centro de Energia e Recursos Naturais da EY no Brasil e na América do Sul.

— A retomada dos leilões cria um impacto positivo em toda a economia, com o maior volume de negócios em áreas como planejamento e logística, como aviação e embarcações de apoio. A diversificação dos operadores no Brasil, além da Petrobras, vai trazer novas tecnologias e novos fornecedores. Estamos recebendo muita demanda das empresas e já aumentamos a equipe em 30% — destacou Assis.

No segundo leilão do pré-sal, serão oferecidos quatro blocos das chamadas áreas unitizadas, nas quais há certeza de reservas de petróleo. Isso porque elas são extensões de campos próximos e que estão em desenvolvimento sob o regime de concessão. São eles Carcará, Sapinhoá, Gato do Mato e Tartaruga Verde.

DISPUTA GRANDE POR ÁREAS UNITIZADAS

O secretário de Petróleo e Gás do Ministério de Minas e Energia, Márcio Félix, avalia que a área unitizada Norte de Carcará deverá ter a maior disputa, por seu tamanho. A norueguesa Statoil é uma forte candidata a levar esse bloco, por já ter 66% de participação no campo de Carcará.

— O pré-sal é muito mais atrativo em relação às outras áreas oferecidas no mundo, inclusive as do México. Lá são áreas de águas profundas, mas em áreas de novas fronteiras — disse o secretário.

Outras áreas unitizadas também deverão ter alto interesse dos consórcios que já exploram os campos contíguos a Gato do Mato, Sapinhoá e Tartaruga Verde.

— As perspectivas são muito boas, pois o mundo todo está de olho no pré-sal brasileiro. Não tem outro leilão de áreas unitizáveis no mundo, é único e muito atraente por isso — afirmou Márcio Félix.

Ele destacou que essas áreas deverão impulsionar os investimentos:

— Essas áreas já têm petróleo descoberto, então seu desenvolvimento tende a ser mais rápido.

Para Giovani Loss, do Mattos Filho Advogados, a atratividade das áreas depende mais da estratégia de cada companhia, especialmente em função da percepção de risco. Por exemplo, a única empresa privada brasileira inscrita, a Ouro Preto Energia, se inscreveu apenas para os leilões das áreas unitizáveis, enquanto as duas companhias chinesas, CNODC e Cnooc, a colombiana Ecopetrol e a gigante BP se inscreveram para a terceira rodada.

Loss explica que, apesar de muito atrativas, as áreas do pré-sal disputam investimentos com outras áreas no mundo. Portanto, as companhias analisam custos e retornos dos projetos para definir seus investimentos.

— Pode ser que uma descoberta no pré-sal não seja tão atrativa quanto um projeto menor, mas que tenha um regime fiscal mais atraente, por exemplo — destacou Loss.

Para Alexandre Chequer, do Tauil & Chequer Advogados, o ponto negativo dos dois leilões é o próprio modelo de partilha:

— Não é atrativo nem para o governo, pois quanto maior o gasto do consórcio em desenvolver a produção, menor é o lucro da União.

Chequer avalia que também pesam as incertezas em relação à obtenção das licenças ambientais para o desenvolvimento dos projetos:

— Existe uma insegurança em relação ao Brasil em matéria ambiental. Em qualquer lugar do mundo as empresas olham as questões regulatórias do país para selecionar investimentos. É preciso ter um Ibama mais preparado, menos ideológico e mais pragmático com relação às atividades econômicas no Brasil.

Antonio Guimarães, secretário-executivo de Exploração e Produção do Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP), podenra que há um potencial de ganho elevado com o pré-sal porque os campos da segunda Rodada, por serem unitizados, têm um risco menor, já que suas reservas já são conhecidas.

Além disso, diz, os bônus pedidos pelas áreas da terceira rodada são considerados altos pelo mercado. Isso indica que os campos têm grandes reservas, o que, segundo ele, atrairá as petroleiras.

— Quando há uma boa área com as condições regulatórias corretas, o investidor vem. E isso vai se refletir em desenvolvimento e emprego — afirmou Guimarães.

De acordo com levantamento feito pelo GLOBO com base na consultoria Petroleum Economist, pelo menos 21 países estão realizando leilões de petróleo entre este ano e 2018. Renato Kloss, sócio do setor regulatório e de infraestrutura da Siqueira Castro, disse que, embora haja muitas opções no mundo, o pré-sal segue como uma das principais reservas de petróleo.

— Para a rodada do pré-sal, as maiores companhias do setor estão habilitadas. O pré-sal vai ser disputado pelo mundo todo — disse Kloss.

Assis, da EY, complementa que, embora o barril do petróleo esteja atualmente na faixa dos US$ 50, países e empresas estão mirando os próximos 30 anos:

— A nata do setor estará aqui.

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Fonte: O Globo