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Reestruturação da Petrobras e Conteúdo Local serão importantes para retomada do setor de óleo e gás


Seguindo com o nosso projeto sobre o que pensa as personalidades influentes do nosso mercado sobre as perspectivas nos negócios para o ano que vem, estamos identificando, diferente do que se previa para 2017, um ano novo melhor. Na edição desta sexta-feira(15/12) fomos ouvir o Presidente da Hirsa, Hiram Freitas, que considera positivo o trabalho de reestruturação que a Petrobrás  está fazendo e fala sobre a atenção na questão do conteúdo  local que é importante, mas não pode inviabilizar os investimentos. Veja suas opiniões sobre as Perspectivas 2018:

1- Como analisa os acontecimentos de 2017 em seu setor?

-“ Para responder a essa pergunta preciso antes esclarecer que a Hirsa atua no segmento de Óleo e Gás brasileiro, fornecendo instrumentos e sistemas de Automação para processos industriais, além de prestar serviços de Gestão Metrológica, Manutenção e Calibração de equipamentos em instalações acreditadas pelo INMETRO conforme Norma ISO/IEC 17025. Nesse cenário, a Petrobrás sem dúvida se apresenta como nosso principal cliente e agente fomentador dos maiores negócios na economia nacional neste segmento. O equilíbrio financeiro da Estatal é fundamental para manter nosso otimismo e coragem para realizar novos investimentos. Temos visto com bons olhos o trabalho que está sendo realizado pela Diretoria da Petrobrás no sentido de sanear suas finanças, e acreditamos no sucesso da recuperação da Companhia. Para isso, é importante que o Governo mantenha a equipe atual, pois essa recuperação não acontecerá plenamente no curto prazo.

Há de se destacar a política de redução dos níveis de produção de petróleo, tomada pelos países integrantes da OPEP, fato que implicou no aumento do preço do barril ao longo de 2017. Esse incremento no valor da comodity é fundamental para viabilizar projetos e investimentos em exploração e produção. Outra importante medida tomada ao final de 2016, mas que repercutiu positivamente em 2017, foi a publicação da lei que retira da Petrobrás a obrigatoriedade de ser a principal operadora dos campos de petróleo na região do pré-sal. A flexibilização para que outras companhias possam produzir petróleo do pré-sal ampliou as possibilidades de investimentos internos e externos, o que nos trás bastante otimismo.

Por fim, a meu ver o principal acontecimento ocorrido em 2017 foi a retomada dos leilões da ANP, que permitiu o retorno de grandes investidores nacionais e internacionais, que juntamente com a Petrobrás proporcionaram ao Governo uma arrecadação de aproximadamente 10 bilhões de reais em bônus de assinaturas nas licitações das áreas do pós-sal e do pré-sal. Esses eventos apontam para um cenário positivo no médio e longo prazos, cujos fatos nos encorajam a abraçar novos desafios.”

2- Quais seriam as soluções para os problemas que o país atravessa?

– “ Não tenho a pretensão de dar soluções para os problemas do Brasil, mesmo porque as nossas mazelas são de diversas origens e as soluções não são simples. Contudo, olhando para o segmento de Óleo e Gás, mais especificamente para a Petrobrás, vejo que o foco no programa de compliance da companhia pode contribuir significativamente para o retorno da credibilidade que é tão importante para a manutenção de um ambiente de negócios prospero e sadio.

Ainda com foco na Petrobrás, entendo que a Companhia deve continuar o processo de desinvestimento e diminuição do nível de endividamento, concentrando seus recursos no desenvolvimento de novas tecnologias para produção de petróleo a menores custos. Isso é de extrema importância para a economia nacional, que ainda apresenta uma forte dependência da Petrobrás.  Quanto às soluções para incentivar os investimentos das indústrias privadas nacionais e internacionais no segmento de Óleo e Gás, não há dúvidas que o caminho passa pelo Congresso Nacional. É preciso que o Brasil se equipare ao que de melhor oferecem as nações concorrentes, modernizando nossa legislação tributária e definindo regras claras e perenes para que os investidores, principalmente os internacionais, sintam-se motivados e confiantes.

Cabe também ao Governo brasileiro gerenciar na medida certa a política de conteúdo local, mantendo um equilíbrio entre as necessidades dos integradores, principalmente os estaleiros, e o interesse da nação. É fato que a política de conteúdo local incentiva a implementação de novas plantas de produção de bens de capital no Brasil, gerando empregos, renda tributária e capital tecnológico. Entretanto, há de se avaliar o grau de exigência desse conteúdo para que os nossos projetos não se tornem inviáveis devido ao custo Brasil que recai sobre a produção nacional.

Por fim, olhando para o mercado de energia no longo prazo, entendo que o Governo deve estabelecer políticas específicas para pesquisa e desenvolvimento de tecnologias que aproveitem os abundantes recursos naturais que dispomos, permitindo que o Brasil se posicione como uma nação autossuficiente no que se refere à produção de energia.”

3- Quais as perspectivas para 2018? Pessimistas ou otimistas?

– “ Nós da Hirsa mantemos nossas perspectivas otimistas para 2018. E não poderia ser diferente. Não se pode pensar em empreender sem ver a vida e os negócios pelo lado positivo, mantendo-se é claro todo o critério e bom senso na avaliação dos riscos inerentes. O cenário atual aponta para uma recuperação econômica, com isso os novos projetos irão se consolidar e as oportunidades certamente surgirão. O mercado brasileiro apresenta demandas energéticas que precisam ser atendidas. Temos potencial exploratório, tecnologia e recursos humanos adequados para tal, basta apenas que o Governo nos deixe trabalhar sem amarras.

Os campos do pré-sal têm apresentado uma produção crescente, onde o petróleo extraído apresenta melhor qualidade e possui maior valor de mercado, se comparado com os antigos campos do pós-sal. Há de se ressaltar que esse petróleo de melhor qualidade proporcionou também uma elevação na produção de gás natural. O desafio pela frente é dispor de uma infraestrutura adequada para distribuir esse gás pelo território nacional.

A produção industrial no Brasil também vem apresentando sinais de recuperação, e o nível de desemprego apresenta viés de redução. A Petrobrás, como principal mola propulsora da indústria do petróleo no Brasil, também parece estar trilhando o caminho certo para retomada de alguns investimentos. Assim, o pequeno cenário ora exposto já nos mostra que as possibilidades existem e precisam ser atendidas. A expectativa maior fica por conta das eleições que ocorrerão ao final de 2018. Esperamos que quem quer que venha não mude as regras do jogo mais uma vez.”

Fonte: Petronotícias