A Petrobras é o melhor exemplo de que o país saiu do buraco
Os brasileiros têm muitos motivos para se sentirem céticos diante do ano que se inicia. Porém, o quadro de 2018 tem larga vantagem sobre o de 2017
É da natureza humana: a gente sofre por antecipação. E como o que aconteceu nos últimos anos está muito vivo na memória de todos, é normal que vejamos 2018 como gatos escaldados, pois a trágica experiência pela qual o país Brasil passou demonstrou que nada é tão ruim que não possa piorar. Todavia, já é possível dar um leve sorriso diante de toda essa loucura. Afinal, os servidores públicos estaduais do Rio de Janeiro, ativos e inativos, receberam o 13º salário de 2016, quando ninguém mais esperava que isso fosse ocorrer.
O fato é que o que parecia irrecuperável está se recuperando, mesmo que aos trancos e barrancos. O melhor exemplo disso é a Petrobras, companhia que foi vilipendiada anos a fio pelos que deviam cuidar dela, começando pelos mais altos mandatários da República. Houve um momento no qual a estatal estava mergulhada dentro de um buraco sem fundo. A cada demonstrativo financeiro trimestral, os resultados vinham mais negativos do que as previsões mais pessimistas. A toda hora surgia um porém, como se fosse a música de Paulinho da Viola dedicada a sua querida Portela. Se a maior companhia brasileira estava em situação tão dramática, aparentemente irreversível, o que o dono do botequim da esquina poderia esperar?
No entanto, a Petrobras fez o que tinha de fazer: livrou-se de dívidas. O endividamento da estatal havia atingido uma proporção intolerável. Mais de cinco vezes o que gerava de caixa em seus negócios por ano. A companhia tinha se tornado realmente inviável, mesmo se tratando de uma empresa petrolífera, que explora o chamado ouro negro (ainda que atualmente amaldiçoado). Suas congêneres acumulam dívidas que não ultrapassam duas vezes a geração operacional de caixa. Até o fim deste novo ano, a Petrobras se propõe a reduzir esse endividamento para 2,5 vezes a geração operacional de caixa. E já enxerga o horizonte em que esse índice cairá para 1,5 vez, o que a deixará em posição financeiramente confortável, para o bem dos brasileiros e de seus acionistas.
A companhia teve de puxar o freio de mão e se desfazer de patrimônio, mas dentro das regras do jogo do setor. As companhias de petróleo fazem isso habitualmente. Aqui é que havia virado um tabu. Por ser uma empresa estatal, embora com muitos acionistas privados, o governo sempre achou que poderia fazer gato e sapato da Petrobras. Sob o pretexto de executar uma política industrial de interesse nacional, governantes a usaram como instrumento para se manter no poder, aproveitando-se também dela para pagar umas contas pessoais...
A Petrobras não está sob uma redoma que a deixe imune a falcatruas. A estatal tem vícios terríveis que em certos momentos a atravancam. E esbarra nas dificuldades do gigantismo, como um transatlântico manobrando junto a um cais de pescadores. Mas está com a estratégia correta de focar no pré-sal em face da alta produtividade dos poços perfurados nos campos já explorados. Este ano, os investimentos aumentarão 0,5%, invertendo uma curva de declínio. Somarão aproximadamente US$ 14,5 bilhões, o dobro do que a empresa chegou a investir no auge da produção da Bacia de Campos. Além da conclusão de projetos na Bacia de Santos e da abertura de novas frentes na exploração do pré-sal, estão programadas obras de conclusão da inacabada refinaria Abreu e Lima (Pernambuco) e da Unidade de Processamento de Gás Natural (UPGN) do Comperj, um empurrão na combalida economia fluminense. O gás, aliás, vai garantir a construção de três usinas termelétricas (investimentos privados), a partir deste ano, no Estado do Rio.
Em 2018, o contexto macroeconômico é mais benigno do que o do ano que passou. As taxas básicas de juros estão em patamares jamais navegados, e a inflação está, surpreendentemente, comportada. Fatores propulsores da inflação, como reajustes de salários acima do que a economia consegue suportar, estão fora de pauta. O salário mínimo, que pesa muito nas finanças públicas, teve um reajuste de 1,8%.
O acerto das contas públicas permanece como o nó górdio da economia brasileira. Talvez seja querer muito desejar que a sensatez prevaleça na discussão de reformas importantes, como a da Previdência. Na tributária, idem. Mas a questão está na agenda. Existe ainda alguma chance de o Congresso avançar nessas reformas, o que ajudaria o país a fazer escolhas mais serenas nas eleições gerais de outubro.
“Navegar é preciso, viver não é preciso”, disse uma vez o italiano Petrarca, inspirando o grande poeta português Fernando Pessoa a divagar sobre a existência. Ainda que o sentido da frase seja o da precisão, e não o da necessidade, nada é totalmente preciso nesse imenso universo, nem mesmo a navegação. O imponderável costuma dar as caras no meio da curva. Feitas as devidas ressalvas, podemos esperar um ano realmente melhor em 2018. Então, feliz Ano Novo!
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Fonte: O Globo