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Acordo da Petrobras beneficia mais de 1 milhão de aposentados


O valor é altíssimo, mas a batalha ainda está no começo. Quando a Petrobras anunciou que vai pagar US$ 2,95 bilhões, ou quase R$ 10 bilhões, para encerrar o processo movido nos Estados Unidos por investidores lesados pela desvalorização de seus papéis, advogados, que podem embolsar até um quinto desse dinheiro, festejaram.

Mas nos próximos meses, depois que o juiz Jed Rakoff aprovar os termos do acordo num tribunal em Nova York, três grandes fundos de aposentadoria e outros 91 grupos de investimento representados no processo precisam acertar quem recebe quanto.

O líder da ação é o fundo britânico Universities Superannuation Scheme, que controla cerca de R$ 260 bilhões em ativos e representa as aposentadorias de 390 mil professores universitários do Reino Unido. O grupo afirma ter sofrido um prejuízo de R$ 271 milhões no período levado em conta na ação americana.

Também aparecem no topo da lista dois fundos de aposentadoria americanos. Um deles tem R$ 356 bilhões em ativos e representa 900 mil funcionários públicos da Carolina do Norte e outro tem como beneficiários servidores do Havaí com cerca de R$ 47 bilhões em investimentos.

Outros fundos relatam rombos ainda maiores com os papéis da petroleira alvo da Lava Jato. O grupo norueguês Skagen AS diz ter perdido sozinho R$ 484 milhões.

Junto do Danske, outro fundo com sedes na Dinamarca, Luxemburgo e outros países europeus, a sangria desse trio de empresas totaliza R$ 710 milhões, segundo transcrições do julgamento num tribunal de Manhattan.

Isso não quer dizer que esses grupos vão receber esses valores exatos quando o acordo for oficializado. Em última instância, mais de mil investidores podem ser beneficiados, mesmo que nem saibam do processo que chega ao fim.

Entre os representados pelos vários fundos que levaram a Petrobras aos tribunais estão professores aposentados do Reino Unido, policiais e bombeiros de Nova York e até a fundação Bill e Melinda Gates, do criador da Microsoft.

A PARTE DO ESCRITÓRIO

Mas uma parcela significativa dos recursos devidos será destinada aos cofres da Pomerantz, a firma de advocacia nova-iorquina que conseguiu consolidar todas as queixas de quase uma centena de reclamantes numa só ação.

Especialistas em casos dessa natureza calculam que a banca pode levar um quinto dos R$ 9,5 bilhões da Petrobras ""o maior valor pago nesse tipo de acordo na última década e o quinto maior da história dos Estados Unidos.

Num caso dessa magnitude, um pagamento de até 30% também não seria impossível, embora o fato de a firma ter concorrido com outras para liderar o processo indica que pode ter aceitado menos já de olho no acordo.

"Não seria incomum um custo legal dessa ordem. Há gastos substanciais nesse tipo de ação, envolvendo a distribuição de fundos aos investidores", diz Brandon Garrett, professor de direito especialista em acordos de leniência. "O acordo ainda pode exigir a retenção desses fundos."

QUEM GANHA

Veja os principais fundos, muitos de aposentadoria, que receberão com o acordo

Universities Superannuation Scheme (Reino Unido)

> Quem representa: Aposentadorias de 390 mil professores universitários

> Ativos: Cerca de R$ 260 bilhões

North Carolina Department of State Treasurer (Estados Unidos)

> Quem representa: Fundo de aposentadoria de 900 mil funcionários públicos do Estado da Carolina do Norte

> Ativos: Cerca de R$ 356 bilhões

> O grupo afirma ter sofrido um prejuízo de R$ 271 milhões no período levado em conta na ação americana

Employees' Retirement System of the State of Hawaii (Estados Unidos)

> Quem representa:Servidores aposentados do Havaí

> Ativos: Cerca de R$ 47 bilhões

OUTROS

> São mais 91 fundos de investimento que operam em países como Canadá, Luxemburgo, Dinamarca, Suécia, Alemanha e Noruega

> O grupo norueguês Skagen AS, por exemplo, diz ter perdido R$ 484 mi; com o Danske, outro fundo nórdico, a perda salta para R$ 710 mi.

Fonte: Folha de São Paulo