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Petrobras receberá US$ 1,3 bi do BNDES para plataformas


Estatal deve investir um total de US$ 3,4 bilhões até 2008

O BNDES assina, na segunda-feira, contrato com a Petrobras para financiar, com US$ 402 milhões, o projeto de construção da plataforma P-51, prevista para entrar em produção no fim 2007, início de 2008. A unidade, cujo casco está em construção na Nuclep, em Itaguaí (RJ), faz parte de um "pacote" de quatro novas plataformas que exigirá investimentos totais de US$ 3,4 bilhões, pela Petrobras, dos quais US$ 1,3 bilhão financiados pelo BNDES.

As quatro unidades - P-51, P-52, P-53 e P-54 - além da P-50, inaugurada dia 23 pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, vão acrescentar 900 mil barris/dia (180 mil cada) à capacidade de produção da Petrobras até 2008. Mas como a produção de petróleo não cresce linearmente, a estimativa da estatal é que sua produção no Brasil chegue a 2,1 milhões de barris/dia em 2008 em relação aos atuais 1,7 milhão de barris/dia (1,723 na média de outubro).

Na realidade, somados todos os projetos em andamento, somente do mar a Petrobras estará retirando, até 2008, mais 1,28 milhão de barris por dia de óleo. Além das seis plataformas gigantes, outras cinco menores produzirão mais 380 mil barris/dia. Ao mesmo tempo, somente em campos maduros, sujeitos a saírem de produção, a estatal produz hoje 500 mil barris/dia, metade em terra e metade no mar.

Caberá aos presidentes do BNDES, Guido Mantega, e da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, assinarem, dia 5, o contrato de financiamento da P-51. Nos últimos dias as obras da plataforma, em Itaguaí, foram paralisadas por uma greve dos metalúrgicos que trabalham na construção e montagem do casco, o que poderia atrasar o prazo de entrega da unidade.

O financiamento para a P-51 e para a P-54 já havia sido aprovado em maio deste ano. Existe a expectativa de que o empréstimo do banco para a P-54, da ordem de US$ 214 milhões, seja assinado em janeiro ou fevereiro de 2006. Outro financiamento de US$ 378 milhões, concedido pelo BNDES para P-52, já foi contratado e, de janeiro até outubro, o banco liberou US$ 165 milhões para o projeto.

Tanto a P-52 quanto a P-54 estão em construção em Cingapura. A quarta plataforma, a P-53, está em fase de enquadramento pelo BNDES e a previsão é assinar o contrato de financiamento em meados de 2006. O banco deverá financiar a plataforma com US$ 280 milhões.

"O papel do BNDES é maximizar a produção de componentes brasileiros usados nas plataformas", diz Luiz Antonio Araujo Dantas, superintendente da área de comércio exterior do banco.

Ele explicou que o financiamento às plataformas é considerado exportação dentro do regime aduaneiro especial Repetro. Por este regime, a Petrobras Nederland, subsidiária da estatal na Holanda, é quem compra as plataformas arrendado-as à Petrobras, no Brasil.

No caso da P-53, a estrutura de financiamento é diferente. Criou-se uma Sociedade de Propósito Específico (SPE), a ser financiada por um "pool" de bancos, que fará um contrato de leasing da plataforma com a Petrobras. Luciene Machado, da área de comércio exterior do BNDES, diz que a P-51 e a P-52 deverão ter um índice global de nacionalização, incluindo bens e serviços, de 60%. O apoio do banco se concentra, em bens e serviços, aos módulos que integram o chamado "topside" da plataforma.

"O esforço de nacionalização é possível porque a Petrobras tem compartilhado desse objetivo comum", diz Luciene. Ela prevê que na P-54 o índice de nacionalização global atinja 65%, percentual que será mantido para a P-53. Ela reconheceu, no entanto, que a médio prazo será difícil manter estes índices porque a indústria que fornece bens e serviços para o setor estará ocupada em 2006, quando a Petrobras deve lançar editais para mais duas plataformas.

Fonte: Valor Online