Petróleo e Gás

Os Detetives do Petróleo

Por: Ricardo Defeo -

Na busca por novas acumulações de petróleo, o trabalho do geólogo se assemelha muito ao trabalho de um detetive. Nossa missão é levantar as pistas que possam indicar os caminhos do óleo e desvendar o local onde ele se esconde.

Os geólogos e geofísicos realizam um verdadeiro trabalho de detetive para encontrar novas jazidas de petróleo. E esta investigação é das mais difíceis visto que buscamos a solução para um “crime” sobre o qual não sabemos, inicialmente, nem mesmo onde ele ocorreu, nem de que maneira, nem por quê aconteceu, nem quando, nem com que intensidade. Para piorar, o fato se deu há tanto tempo que não temos nenhuma testemunha ocular para nos dar uma dica sequer.

Para efeito de analogia, vamos considerar o óleo como um prisioneiro que fugiu de sua cadeia e foi se esconder em algum lugar que ainda não conhecemos. A primeira coisa que temos a fazer, é localizar a prisão de onde este óleo fugiu. No caso, trata-se de identificarmos a rocha geradora (rocha rica em matéria orgânica) e a posição do que chamamos de cozinha de geração (local onde houve soterramento suficiente para disparar a geração de petróleo). Feito isto, devemos então procurar, através das seções sísmicas, as possíveis rotas de fuga deste óleo.

Todas as falhas e camadas permeáveis são, à princípio, suspeitas de cumplicidade para a evasão do óleo. Como esta fuga se deu há milhões de anos, precisamos reconstituir o relevo e a estrutura da bacia na época da debandada do fluido negro para podermos selecionar os dutos de migração mais prováveis, inocentando algumas rotas e condenando outras. A partir daí, procuramos identificar as armadilhas (e o termo geológico é este mesmo) que poderiam estar se interpondo no caminho de escape do petróleo e que possam tê-lo aprisionado em sua fuga ascendente.

Estas armadilhas são verdadeiras arapucas formadas por camadas impermeáveis capeando camadas permeáveis, ambas arqueadas com a concavidade para baixo, ou com acunhamento da segunda, ou ainda, colocadas em contato através de uma falha. Como as camadas porosas configuram o esconderijo final do petróleo (e aí estará o nosso campo produtor), é fundamental, antes de furarmos um poço, reconhecermos quaisquer feições que possam nos dar alguma pista de que ali se encontra uma rocha com condições de armazenar e produzir petróleo.

Para isto, necessitamos integrar todos os dados obtidos através de poços anteriores e da sísmica para tentarmos reconstituir a história dos vários ambientes de sedimentação que se sucederam naquele local e, consequentemente, prevermos o tipo de reservatório potencialmente ali depositado. Assim obtemos uma melhor previsão da qualidade do reservatório que deveremos encontrar, ajudando a minimizar o risco inerente a nossa atividade. Afinal, os dinossauros não podem nos dar o seu testemunho sobre o “crime” que temos a missão de resolver.