Bacia de Campos

A Petrobras

A Petrobras faz 50 anos com todo o gás


"O melhor negócio do mundo é uma empresa de petróleo bem administrada. O segundo melhor é essa mesma empresa mal administrada."

John Paul Getty (1892-1976), magnata americano

Do alto de um lucro bruto de R$ 1,5 bilhão por mês ou R$ 50 milhões por dia, desde janeiro, empresa mais rentável da América Latina, a Petrobrás começou a celebrar, no domingo (07), pela televisão, os seus 50 anos de vida, paixão e sorte. Serão quatro semanas de propaganda institucional, com direito a um programa em cadeia nacional no horário nobre em 3 de outubro, data do aniversário.

·  Quando ela veio ao mundo, partejada por uma campanha cívica de padrão o-petróleo-é-nosso, o Brasil sacava nada além de 2.700 barris por dia nos campos terrestres da Bahia. Pois o petróleo será 100% nosso a partir de 2007, quando a estatal estará extraindo exatamente 2 milhões de barris por dia, já então no calibre da demanda interna agora reprojetada pelo Plano Plurianual de Investimentos (2004/2007) do governo Lula.

·  Neste ano do cinqüentenário, a Petrobrás enfeita o bolo de aniversário com três ofuscantes pérolas negras de sua prospecção em nosso mar profundo: 1) cerca de 1,1 bilhão de barris de óleo leve ou fino, tipo árabe, nos campos submarinos de Sergipe, Espírito Santo e Santos; 2) mais 2,9 bilhões de barris de óleo pesado na Bacia de Campos; 3) o achado de 419 bilhões de metros cúbicos de gás natural na mesma Bacia de Santos (que já mostra a língua para a Bacia de Campos). Por enquanto. As sondas ainda não concluíram o inventário das novas reservas no óleo fino nem no gás natural.

·  Fiquemos no gás, o mais nobre dos combustíveis fósseis. A ocorrência já comprovada nos blocos BS-400 e BS-500, a 130 quilômetros do entroncamento de gasodutos de São Sebastião, SP, tem massa crítica para alterar as projeções da matriz energética do Brasil a partir de 2007 - quando do início do aproveitamento comercial do generoso recurso. O gás natural deve abrir as válvulas na geração de termoeletricidade e encher os tanques na substituição do óleo combustível nas fábricas e do óleo diesel nos ônibus.

·  Azar da Bolívia distraída. Ou o vizinho aceita reescrever o viciado contrato de gás com o Brasil ou não mais terá a quem vender a preciosa mercadoria. Contrato que vai até 2020 e pelo qual o Brasil se compromete a pagar progressivamente por até 30 milhões de metros cúbicos por dia - utilizando-se ou não de toda a cota contratada. Um negócio leonino vulgo "take or pay". Cota que pagamos em dólar e pela qual gastamos os tubos na instalação do hoje subutilizado gasoduto.

·  Para o diretor de Gás e Energia da Petrobrás, Ildo Sauer, a Bacia de Santos poderá contribuir com até 100 milhões de barris por dia. Duas vezes maior que o contrato boliviano para até 2020.

·  Haverá mercado para tudo isso ainda nesta década? O presidente da gigante paulista Comgás, Oscar Prieto, garante que sim. Primeiro: investidores privados e consumidores corporativos sentirão firmeza na disponibilidade do produto. Segundo: o gás é nosso e estará a salvo do risco cambial de uma eventual dolarização de choque de fora para dentro.

SECOS & MOLHADOS

Dimensão - Atualmente, estamos consumindo 29 milhões de metros cúbicos por dia, metade procedente da Bolívia. Com o inventário ainda não concluído da Bacia de Santos, a Petrobrás já contabiliza reservas a futuro de 630 bilhões de metros cúbicos, no mínimo.

Dinheirama - Diretor financeiro da Petrobrás, José Sérgio Gabrielli lembra que a carteira de investimentos para 2003/2007 já totaliza nada menos de US$ 34,3 bilhões (dos quais, US$ 4,9 bilhões no Exterior). As inversões deste ano somam US$ 7,2 bilhões. Exploração e produção ficam com 52% do total.

Refinaria - Projeto de grande visibilidade e merecida polêmica, uma nova refinaria da Petrobrás, orçada em US$ 2,2 bilhões, com quase dois terços cobertos por financiamentos do BNDES, está sendo disputada por 12 governadores de plantão. Suspira o presidente da Petrobrás, José Eduardo Dutra: "Todos têm razão, mas todos não podem ter razão ao mesmo tempo."

Fonte: O Estado de São Paulo