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Ricardo Defeo

O Morro de São João

Por: Ricardo Defeo -

A Raiz Exposta de um Vulcão Extinto

O Morro de São João se destaca pela sua imponência e beleza sobre a baixada litorânea do norte fluminense. Ele representa o que restou das raízes de um vulcão extinto há mais de 59 milhões de anos, já completamente destruído pela erosão.

Do alto de seus 806 metros, o belíssimo Morro de São João domina a paisagem na faixa costeira norte fluminense, no trecho que vai de Búzios até Macaé. Seu perfil pode ser contemplado a grande distância, revelando uma forma cônica que sugere a geometria de um vulcão. A verdade é que ele não é e nem nunca foi um vulcão propriamente dito, mas não foi apenas por coincidência que este maciço assumiu essa forma sugestiva. Mesmo que tenha sido por uma causa indireta, esta feição topográfica é herança de um evento vulcânico que dominou a região por volta de 60 milhões de anos atrás.

O Morro de São João é o testemunho vivo de um conduto magmático que alimentou uma cratera vulcânica que se encontrava numa posição entre três a cinco quilômetros acima da superfície atual. Os milhões de anos de trabalho dos agentes erosivos lavaram os vestígios de materiais vulcânicos que haviam sido despejados sobre o continente. Eles foram levados para dentro da Bacia de Campos, onde estão guardados, soterrados a grandes profundidades. Este tempo foi suficiente para varrer do mapa toda a estrutura vulcânica sobrejacente ao maciço de São João.

As rochas remanescentes que encontramos neste que foi o alicerce de edifício vulcânico foram formadas antes que o material magmático chegasse a extravasar na superfície. À medida que o vulcão arrefecia sua atividade, o magma se consolidava no interior do conduto, até que ocorreu seu completo tamponamento a cerca de 59 milhões de anos passados. Como estas rochas são mais resistentes à erosão do que aquelas que as circundam, acabaram assumindo uma posição de destaque no relevo local.

Hoje, o Morro de São João engrandece a paisagem da região, quebrando a monotonia da faixa litorânea. Mesmo não sendo um vulcão, ele nos presenteia os olhos com sua forma esbelta. E a mãe natureza presta a ele uma linda homenagem, pois para vesti-lo, em sua majestade, teceu um exuberante manto verde; a bonita mata tropical que o recobre dos pés à cabeça.