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Unidade de gás marca retomada do Comperj e permitirá aumento da produção do pré-sal


A construção da Unidade de Processamento de Gás Natural (UPGN), prevista para começar ainda neste semestre, é apenas uma pequena parte do imenso projeto inicialmente desenhado para o Complexo Petroquímico do Estado do Rio de Janeiro (Comperj). A unidade de gás é essencial para o aumento da produção do pré-sal na bacia de Santos. Parada desde 2015, a obra do Comperj ainda gera custos para a Petrobras.

O complexo na cidade de Itaboraí, na Região Metropolitana do Rio, teria ainda duas refinarias e um polo petroquímico. As obras da primeira refinaria foram paralisadas e, para serem retomadas, a Petrobras ainda aguarda um parceiro disposto a investir. A segunda refinaria sequer saiu do papel. E o polo petroquímico foi extinto do projeto.

A UPGN é a primeira grande obra em downstram (área de refino, transporte e distribuição) da Petrobras desde a paralisação completa da construção do Comperj. A suspensão dos trabalhos causou desemprego, crise econômica e alta da violência em Itaboraí, que tem cerca de 230 mil habitantes.
 
Gás do pré-sal

A unidade de gás de Itaboraí será a maior do país, com capacidade de processamento de até 21 milhões de m³ de gás por dia. Ela integra o projeto Rota 3, destinado ao escoamento da produção de gás natural de campos do pré-sal da Bacia de Santos.

Com a unidade de Itaboraí, a Petrobras vai quase dobrar sua capacidade de processamento de gás do pré-sal, de 23 milhões para 44 milhões de m³ por dia. A previsão de início das operações é o segundo semestre de 2020.

O refino de gás é necessário para aumentar a produção de petróleo. O óleo extraído da camada abaixo do sal é associado a gás, que precisa ser separado do óleo. Tecnicamente, há três possibilidades de escoar esse gás e liberar o petróleo:

queima na plataforma;

injetá-lo novamente nas rochas de onde foi extraído;

Transportar o gás até o continente para refino.

A primeira opção é ambientalmente inviável, já que polui. A segunda, além de também provocar riscos ambientais, pode vir a comprometer a produção do campo. A terceira é a mais segura e, ainda por cima, lucrativa.

Refinado, o gás é transformado em produtos derivados que podem ser vendidos pela Petrobras. Hoje o Brasil é importador de gás, um combustível considerado mais barato e limpo e usado por indústrias e na produção de energia termelétrica.

"A gente não pode produzir o óleo se a gente não pode aproveitar o gás. Então, essa unidade é extremamente importante para que a gente continue tendo estes recordes maravilhosos que a gente está vendo na produção do pré-sal", afirmou o presidente da Petrobras, Pedro Parente, em entrevista no ano passado.

Futuro do Comperj é incerto

A Petrobras diz que está em busca de parcerias para concluir as obras da Refinaria Trem 1. Com frequência, empresas chinesas são citadas como parceiras em potencial. No caso da UPGN, a Shandong Kerui Petroleum entra como fornecedora e não como sócia.

Entre os especialistas, no entanto, há muitas dúvidas se o projeto será finalizado e a expectativa é que o Comperj seja reduzido.

"O projeto inicial era megalomaníaco. [...] O que de fato se tem lá hoje é uma obra de construção de refinaria parada, e não acredito que a segunda será construída. A única coisa que já foi contratada é a UPGN", disse o sócio-diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), Adriano Pires.

O custo inicial do Comperj era de US$ 6,1 bilhões para a obra de um parque industrial de 45 km² que chegou a empregar 35 mil funcionários. A produção diária prevista era de 465 mil barris de petróleo.

Comperj deveria ser o maior complexo petroquímico do Brasil, mas obra está parada e alvo de investigação (Foto: Infográfico: Wagner M. Paula/G1 ) Comperj deveria ser o maior complexo petroquímico do Brasil, mas obra está parada e alvo de investigação (Foto: Infográfico: Wagner M. Paula/G1 )

Comperj deveria ser o maior complexo petroquímico do Brasil, mas obra está parada e alvo de investigação (Foto: Infográfico: Wagner M. Paula/G1 )

Obra investigada na Lava Jato

A obra do Comperj foi investigada na operação Lava Jato e pelo Tribunal de Contas da União (TCU), que no fim do ano passado apontou um prejuízo para a Petrobras de US$ 12,5 bilhões com a construção do complexo. Desse total, US$ 9,5 bilhões são atribuídos à gestão temerária do projeto.

Parada, a construção do Comperj continua gerando prejuízos para a estatal, analisa o ex-diretor da Agência Nacional do Petróleo (ANP) e professor do Grupo de Economia da Energia da Universidade Federal do Rio Janeiro, Helder Queiroz.

"A pior coisa do mundo é uma obra que para. Se contratou empréstimos que vão fazer correr juros durante a construção, pior ainda", analisou.

Desde a paralisação, a obra do Comperj já consumiu R$ 2,7 bilhões da Petrobras. Desse valor, "R$ 2,2 bilhões são relativos a 2015, com a desmobilização de contratos da Refinaria Trem 1, que ocorreu de forma gradativa", afirma a estatal.

Em 2016, foram R$ 352,24 milhões de custos de encerramentos contratuais. A empresa afirma que, em 2017, não foram investidos recurso no Comperj.

Petrobras busca parceiros

Para Queiroz, firmar uma parceria é a melhor alternativa da companhia para pelo menos minimizar os prejuízos do Comperj.

"O ideal ali seria atrair investidores que estão entrando agora no mercado de refino, repartir custos e, lá na frente, também repartir a rentabilidade".

Para Adriano Pires, a busca por uma parceria para concluir a refinaria tem como objetivo final a venda do ativo. Ele considera, inclusive, que a própria UPGN possa vir a ser vendida.

Ele lembra o anúncio feito em abril pela Petrobras de se reposicionar seu negócio de refinarias. Na semana seguinte, a estatal colocou à venda quatro de suas refinarias – duas no polo produtivo do Nordeste, e duas no Sul.

"Essa nova política de refino deve passar pelo Comperj. A Petrobras fala que pretende vender refinarias no Nordeste e no Sul, mas não fala nada do Sudeste, do Rio ou do Comperj", disse o economista.

"A UPGN nada mais é que uma refinaria, só que de gás e não de óleo. A Petrobras tem que matar um leão de cada vez. Por isso, não me espantaria se, lá na frente, a companhia a vendesse também", afirma.

Questionada pelo G1 se o Comperj será afetado pela reestruturação do negócio de refinarias, a Petrobras respondeu que "a parceria para conclusão do trem 1 do Comperj se enquadra no reposicionamento da Petrobras no refino que se iniciou com a consolidação de uma política de preços competitivos e tem como segundo passo o desenvolvimento de parcerias".

"O desenvolvimento de parcerias no Comperj é complementar às parcerias já anunciadas para os blocos regionais Sul e NE

Expectativa no setor de máquinas

Independentemente de quais são os objetivos da Petrobras com o Comperj, a indústria aguarda com expectativas a retomada das obras e seu potencial de aquecer o setor.

"Para quem estava com tudo parado, esse anúncio feito pela Petrobras de começar as obras ainda este ano começa a animar a indústria", afirmou o diretor de Petróleo, Gás, Bioenergia e Petroquímica da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Alberto Machado.

Pelas regras do setor, parte dos equipamentos utilizados no projeto da Petrobras tem de ser comprada de fornecedores brasileiros. Como não há oferta para pronta entrega, as fabricantes estão ansiosas para fechar contratos e começar a produção.

"Queremos marcar uma reunião com a empresa chinesa para podermos nos preparar, fazer cotações, reativar algumas linhas de produção", disse o diretor da Abimaq.

Machado destacou que a maior parte das máquinas e equipamentos demandados para a construção da UPGN tem de ser pedida com antecedência.

"Pouca coisa é de prateleira. Qualquer peça mais específica tem de ser feita sob encomenda. Há equipamentos que levam dez meses para ficarem prontos. E como toda a obra do Comperj ficou parada, quase todo o maquinário acabou desmobilizado", explicou.

Ainda segundo o diretor da Abimaq, desde a paralisação das obras do complexo, a produção de máquinas e equipamentos voltados ao setor de óleo e gás estagnou. "De 2014 até agora, a principal fonte de receita da indústria foi na parte de reposição", enfatizou.

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Fonte: G1