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Carta de um jovem petroleiro ao próximo presidente do Brasil


O que se pode ver desde então foram mudanças verticais da própria Petrobras com os Projetos Topázio (venda de campos maduros e/ou menores em terra) e Ártico (venda de campos maduros e/ou menores em águas rasas) mas, sobretudo, das altas patentes do MME e ANP.

De lá pra cá, foram 2 anos mais valiosos que os 10 anteriores. Offshore, onshore e não convencionais foram olhados com carinho pelos órgãos supracitados. Nestes corridos 2 anos, talvez o principal trunfo dos representantes destas instituições tenha sido sentar e conversar de modo franco e pragmático sem ideologias com IBP, AbesPetro, ABPIP, representantes da indústria nacional e das companhias privadas, nacionais e estrangeiras.

Como principais ações para o destravamento e captação de investimentos cito os seguintes pontos:

Liberação da operação única da Petrobras no Pré-Sal, fazendo que a estatal não fosse obrigada a ser operadora de todos os projetos,

Oportunidade para que consórcios, independente do desejo da Petrobras, também licitassem no Pré-Sal. Antes, mesmo que a Petrobras não quisesse um bloco, outras empresas não poderiam arrematar e quem perdia era o país. Tal fato se confirma com os lançes das recentes rodadas de partilha da produção realizadas pela ANP em que petroleiras estrangeiras ofereceram maior parcela de óleo lucro para União do que a própria Petrobras sendo que neste último leilão o ágio chegou a 170%,

Redução dos níveis inatingíveis de conteúdo local,

Redução dos royalties para campos maduros após campanhas como “Menos royalties mais empregos”,

Extensão dos contratos de exploração da Margem Equatorial de modo a viabilizar os investimentos obrigatórios,

Extensão do tempo de produção para campos que ainda são do interesse das companhias,
Realização de leilões e elaboração de um calendário de leilões pragmático dando previsibilidade a indústria,

Criação do modelo de oferta permanente,

Desenvolvimento de uma agenda regulatório para o gás,

Desenvolvimento do Programa de Revitalização das Atividades de Exploração e Produção de Petróleo e Gás Natural em Áreas Terrestres – REATE que visa fomentar as atividades no onshore brasileiro,

Projeto Poço-Transparente que visa discutir o potencial dos não convencionais dos quais o Brasil tem imenso potencial mas que são praticamente inexplorados,

Fortalecimento da ANP e CADE no papel de agentes reguladores em três frentes principais:
Monopólio de fato no refino, o que hoje afeta as pequenas refinarias privadas do país e a entrada de investimentos no setor,

Fiscalização dos descontos abusivos praticados pela Petrobras para compra de petróleo dos pequenos produtores nacionais,
Rigor quanto a atividade da Petrobras e outras operadoras em campos em que se está retardando o investimento ou a venda,
Criação da Coordenação de Áreas Terrestres na ANP e outros tantos.

Como resultados já visíveis, desde a 2ª rodada de Partilha até a 5ª, juntamente com a 14ª e 15º de concessão, foram contratados dezenas de blocos, 27,9 bilhões de reais só de bônus de assinatura e previsão de até 2 trilhões em valores nominais só com a parte de impostos na produção de petróleo para união, estados e munícipios sem contar a cadeia de fornecedores e serviços, contanto que os contratos sejam preservados e óleo seja produzido nestes blocos. Ou seja, com simples medidas visando a desburocratização, o Brasil voltou a atrair investimentos que se refletirão em mais de 60 novas plataformas de produção entrando em operação até meados da próxima década. Isto significa, segundo dados da ANP, a possibilidade de dobrarmos a atual produção para mais de 5 milhões de barris de óleo equivalente por dia nos tornando um dos cinco maiores produtores do mundo.

De parte da estatal, o grande feito foi fazer uma análise crítica interna quanto o verdadeiro foco da companhia e decidido focar no que lhe realmente importa como major que é: Investir em grandes campos e, por consequência, fazer a venda dos campos maduros e não tão produtivos. Tal processo é comum no mundo todo pois existem companhias privadas, nacionais e estrangeiras, que possuem aptidão em trabalhar nestes cenários aumentando a eficiência operacional e incrementando o fator de recuperação fazendo com que estes campos tenham uma maior vida útil e subsequentemente gerando mais royalties, emprego e renda.

Segundo estimativas da ANP, para a situação atual dos campos maduros brasileiros, 1% de aumento no fator de recuperação dos campos maduros exigiriam investimentos de mais de US$ 18 bilhões, possibilitando a extração de mais cerca de 2,2bilhões de barris de petróleo, representando uma geração de até US$ 11 bilhões em royalties. Já segundo a ABPIP, para o onshore brasileiro, a cada 10 mil barris por dia que fossem incrementados pelo menos 23 mil empregos poderiam ser gerados direta e indiretamente.

Com todas estas ações candidato, o que vimos foi um reânimo no setor, a volta de empresas que haviam saído para nunca mais voltar, a entrada de novatas, a criação de outras tantas empresas nacionais e o principal candidato: o reaparecimento do brilho no olho de uma geração de jovens que estavam se acostumando com a derrocada do setor e permaneciam incrédulos com o futuro que lhe haviam vendido de 2010 até 2014.

Atualmente, para que entenda a gravidade de nossa situação, a maioria dos jovens formados em Engenharia de Petróleo estão desempregados, trabalhando em outras áreas de engenharia ou financeira ou fazendo mestrados e outras pós-graduações, em sua maioria, por falta de emprego. Muitos destes jovens, candidato, tiveram seus sonhos frustrados e se sentem como aqueles que caem no golpe do bilhete premiados pois entraram na ensino superior com a ideia do Brasil petroleiro até hoje ainda empacado.

Por tudo isso candidato este jovem petroleiro te escreve. Temos jovens brilhantes formados de Sul a Norte e com grande capacidade para auxiliar o Brasil a se tornar um país petroleiro aproveitando a provável última janela de petróleo caro. Não deixe, candidato, que ideologias invadam o pragmatismo necessário para atrair investimentos, gerar empregos e renda em nosso ainda empobrecido país.

A receita do sucesso foi dada pelos recentes líderes de MME, ANP e indústria. O Brasil precisa da continuidade no calendário de leilões de blocos exploratórios, do respeito a contratos antigos e de uma previsibilidade regulatória para realizar os investimentos necessários para colhermos royalties, participação especial, óleo lucro, empregos e tudo mais.

Entenda, candidato, apesar da nossa bonita geologia, o mercado petrolífero é global e se aqui não for dada a segurança jurídica necessária para que se façam investimentos, outro país dará e o Brasil perderá a janela do óleo caro. Perceba candidato, quanto mais companhias, mais empregos, mais tecnologia, mais diversidade. Nosso país tem recursos compatíveis para as gigantes, grandes, médias e para as pequenas petroleiras. Enquanto aqui temos menos de 40 operadoras produzindo óleo e gás, nos EUA temos mais de 10 mil empresas, das quais a maioria micro e familiares. A efeito de comparação, a Petrobras sozinha representa, após quase 20 anos da quebra do monopólio, 93% da produção diária de petróleo enquanto na Noruega, um país visto por todos como modelo, a estatal Equinor representa pouco mais de 30% da produção total o que reafirma a positividade de um ambiente plural e diverso.

Por tudo isso candidato afirmo: O Brasil esta aí, cheio de oportunidades para deixar de ser o país do futuro e tornar-se o país do presente e para isso dependemos da extração sustentável dos nossos recursos. Sabendo disso, é necessário afirmar: Petróleo. É para quase tudo. É para todos. Não deixe que ideologias invadam o pragmatismo que nosso país necessita para gerar emprego e riqueza.

Natan Battisti é membro do comitê jovem IBP, graduando em Engenharia de Petróleo na UFPel e ex-presidente da SPE UFPel student chapter

Referências

Bônus cumulado: https://g1.globo.com/economia/noticia/2018/09/28/veja-os-resultados-da-5a-rodada-de-partilha-de-producao-da-anp.ghtml

Seminário ANP – Incremento no fator de recuperação: http://www.anp.gov.br/images/Palestras/Aumento_Fator_Recuperacao/Relatorio_do_Seminario_sobre_Aumento_do_Fator_de_Recuperacao_ANP.pdf

http://www.anp.gov.br/noticias/anp-e-p/3644-1-seminario-da-anp-sobre-aumento-do-fator-de-recuperacao-reune-30-empresas

Importância do aumento do FR: https://www.valor.com.br/brasil/5171868/anp-brasil-pode-gerar-maior-producao-de-oleo-fora-da-opep-em-2027

http://www.energia.sp.gov.br/2017/08/recuperar-campos-antigos-pode-gerar-investimentos-de-r-26-bi/

https://oglobo.globo.com/economia/alta-da-producao-em-campos-maduros-pode-gerar-investimentos-de-us-18-bi-21731728

Oportunidades no Setor de Petróleo e Gás Natural no Brasil Rodadas de Licitações 2017-2019: http://www.brainmarket.com.br/anexos/licitacoespetrobras2017a2019-oficial_14072017_1403.pdf

Apoio do Canada ao incremento do Fator de Recuperação e extensão da vida útil dos campos: https://www.energy.alberta.ca/Oil/docs/EORP_Guidelines_2014.pdf

http://www.anp.gov.br/images/Palestras/SDB_011.2018_potencial_petrolifero_brasileiro.pdf

Perda de 1 trilhão em investimentos com o período sem leilões: http://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2017-10/pais-perdeu-R%24-1-trilhao-por-demora-no-desenvolvimento-do-pre-sal-diz-ANP

Importância do onshore, seu impacto social e a demora da Petrobras em decidir o que fazer com seus ativos onshore: https://epbr.com.br/o-futuro-dos-campos-terrestres-brasileiros-por-anabal-santos-jr/

Publicação FIRJAN sobre o panorama onshore no Brasil: http://www.firjan.com.br/publicacoes/publicacoes-de-economia/ambiente-onshore-de-petroleo-e-gas-no-brasil-2018.htm

Impacto do monopolio de fato no refino brasileiro: https://www.valor.com.br/opiniao/5572821/crise-do-monopolio-do-refino

https://istoe.com.br/nao-e-bom-para-o-pais-a-petrobras-ter-100-de-monopolio-no-refino-diz-parente/

Resolução comum no mundo todo de parte do órgão regulador pedindo que as empresas decidam se vão adiante com investimentos ou não: https://oglobo.globo.com/economia/anp-vai-notificar-petrobras-devolver-cem-areas-de-petroleo-23100516

Petroleiras vendem campos maduros no mundo todo: https://www.ft.com/content/152a14a8-e789-11e6-893c-082c54a7f539

https://www.offshoreenergytoday.com/chevron-puts-all-uk-central-north-sea-assets-up-for-sale/

https://uk.reuters.com/article/us-northsea-total/total-overtakes-shell-in-north-sea-where-appetite-for-assets-remains-high-idUKKCN1B21H8

Produção por companhia Noruega: https://www.norskpetroleum.no/en/facts/production/#per-operator-in-2017

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Fonte: E&P BR