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Petrobras prevê aumento de custos


O aumento de 66% nos investimentos da Petrobras para o período 2007-2011, em relação ao anteriormente estimado, alcançando US$ 87,1 bilhões, terá um reflexo muito pequeno na produção. Segundo a própria estatal, o aumento da produção nacional de petróleo será de apenas 3,2% em comparação ao que está previsto para ser alcançado até 2010.

O novo plano estratégico da estatal prevê que a produção brasileira será de 2,374 milhões de barris de óleo por dia, contra 2,3 milhões de barris de óleo por dia previsto para 2010 no plano anterior (no novo planejamento a meta para 2010 é de 2,368 milhões de barris/dia). Do total de US$ 34,7 bilhões de aumento nos investimentos, aproximadamente US$ 11,98 bilhões, ou 34,5%, serão necessários para bancar a elevação de custos ou diferenças cambiais.

O plano, divulgado na noite da sexta-feira passada, foi detalhado ontem pelo presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli. Segundo o executivo, ao analisar a relação entre os aumentos da produção interna e os investimentos necessários, é preciso levar em conta que será modificado o mix de produção, aumentando a proporção de óleo leve (mais valioso) na produção total.

Além disso, segundo Gabrielli, a produção nacional de gás vai passar do equivalente a 289 mil barris/dia de petróleo este ano para o equivalente a 724 mil barris/dia, em 2011. Já a capacidade de refino da empresa crescerá de 1,908 milhão de barris para 2,376 milhões no mesmo período. Ele disse também que muitos dos projetos incluídos no plano 2007-2011 vão gerar produção adicional somente a partir de 2012, permitindo que o Brasil chegue a 2015 com uma produção de 2,812 mil barris de petróleo por dia. No planejamento detalhado ontem, os investimentos em novos projetos somam US$ 17,4 bilhões.

Gabrielli refutou suspeitas de que haja interesse eleitoral no fato de uma empresa estatal divulgar um grande plano de investimento (uma média de US$ 17,42 bilhões por ano) a poucos dias do início da campanha política na qual o presidente da República concorre à reeleição. "Eu tenho a avaliação (de que se trata) de uma empresa de petróleo que está com uma perspectiva de investimento bastante elevada, com um volume de investimento bastante grande, financeiramente adequado, gerador de valor para a empresa e que garante a sustentabilidade da auto-suficiência (em petróleo) e da continuidade do crescimento (da produção). Esta é a mensagem central do plano."

O plano de investimentos da Petrobras para 2006-2010 previa investimento de US$ 56,4 bilhões a uma taxa de câmbio de R$ 2,117. Descontados os investimentos previstos para este ano (cerca de US$ 15 bilhões) e somados os valores de 2011 nos parâmetros do plano anterior, o valor para 2007-2011 passaria para US$ 52,4 bilhões. Foi sobre esse número que a estatal projetou seu novo planejamento, aumentando o total a ser investido para US$ 87,1 bilhões, a uma taxa de câmbio de R$ 2,50.

Somente a mudança da taxa de câmbio aumentou em cerca de US$ 4,189 a estimativa de investimento do novo plano. O aumento do preço internacional do petróleo e a conseqüente demanda por novos equipamentos de exploração e produção no mundo inteiro obrigou a empresa a redimensionar os custos das suas necessidades, gerando uma ampliação de US$ 7,792 bilhões somente por causa disso. "É algo que não depende de nós e sim do mercado", explicou Gabrielli.

O novo plano da Petrobras prevê ainda que ela investirá mais US$ 2,96 bilhões, em relação aos números anteriores, somente com mudanças no modelo de cada negócio, ou seja, com aumento da sua participação acionária em eventuais parcerias ou com decisões de fazer sozinha projetos que antes era prevista a participação de parceiros. Mais US$ 1,82 bilhão será gasto com "alterações no escopo" do projeto, ou seja, mudanças no planejamento anterior.

Apesar de prever aumento de custos por conta dos preços internacionais, a Petrobras calcula que em 2011 o preço do barril de petróleo extraído no Brasil estará em US$ 5,60, contra US$ 6,32 no primeiro trimestre deste ano. A redução, segundo foi explicado ontem, será obtida com ganhos de escala provenientes do aumento da produção. Já o custo de refino deverá passar da faixa de US$ 1,90 por barril para US$ 2,90, principalmente devido ao aumento da complexidade do parque de refino, voltado para obter o máximo de rendimento da produção doméstica de óleo.

Fonte: Valor Econômico - Chico Santos