Calor em alto mar
Pouco se fala a respeito do calor nas atividades offshore, no entanto é sabido que atividades como as de cozinheiro, soldadores, lavanderias, sala de máquinas dentre outras, podem provocar estresse térmico, afetando diretamente o rendimento dos trabalhadores, causando reações fisiológicas como: sudorese intensa, aumento da frequência das pulsações, aumento da temperatura interna do corpo e podendo inclusive facilitar a ocorrência de a acidentes por fadiga muscular, cãibras, tonturas, diminuição da percepção e perturbações psicológicas. Não se deve confundir desconforto térmico com estresse térmico, pois o primeiro é uma sensação de mal estar experimentada por uma pessoa, como resultado da combinação insatisfatória, nesse ambiente, da temperatura radiante média, umidade relativa, temperatura do ambiente e velocidade do ar e com a vestimenta usada pelas pessoas. O índice de conforto é estabelecido pela NR-17 (Ergonomia) e deve situar-se entre 20 e 23 graus Celsius, devendo ser calculado através da temperatura efetiva para os ambientes que exijam solicitação intelectual e atenção constante tais como: Salas de controle, laboratórios, escritórios, camarotes, sala de leitura etc. . Já a sobrecarga térmica é um risco grave que pode estar presente pela exposição direta aos raios solares em ambientes a céu aberto em dias ensolarados ou através de fontes artificiais emissoras de radiação térmica, e cuja gravidade está normalmente associada concomitantemente com atividades físicas pesadas e taxas metabólicas correspondentes. A exposição ocupacional ao calor é calculada através do conjunto chamado de “Arvore dos Termômetros” IBUTG (Índice de bulbo úmido-Termômetro de globo) e o limite de tolerância está estabelecido no anexo 3 da NR 15
Efeitos do calor
Reações do Organismo ao Calor
Existe no organismo humano um centro termo-regulador, localizado no hipotálamo, sensível às variações da temperatura do ambiente. Este centro é responsável por uma série de alterações fisiológicas cuja finalidade é manter a temperatura do corpo constante. Quando o organismo fica sujeito a uma sobrecarga térmica, várias reações de adaptação podem então ser verificadas.
Uma destas é a vasodilatação periférica que tem a finalidade de aumentar a circulação sangüínea na superfície do corpo, através da qual se fazem as trocas de calor com o ambiente, pelos mecanismos já mencionados .
Assim, graças a um aumento na vazão de sangue, maior quantidade de calor do núcleo do corpo é conduzido para a superfície, onde será dissipado, o que, por outro lado imporá um adicional no trabalho do sistema cárdio-circulatório.
Outra reação termo-reguladora importante, é o acréscimo que se verifica na atividade das glândulas sudoríparas. O aumento da quantidade de suor produzido leva a uma perda maior de calor pelo mecanismo de evaporação descrito anteriormente.
Conforme as condições ambientais , pode o organismo sofrer alterações mais ou menos sérias.
Mesmo que não se manifestem estados patológicos de imediato nos trabalhadores, estando estes submetidos continuamente à uma sobrecarga térmica excessiva, à longo prazo, poderão vir a sofrer danos na saúde.
A seguir são apresentadas resumidamente, as características marcantes das principais doenças do calor:
Intermação ou Insolação
É devida a um distúrbio no centro termo-regulador, sendo que a pele do indivíduo apresenta-se seca, quente e avermelhada. Entre os sintomas incluem-se tonturas, vertigens, tremores, convulsões e delírios.
É um estado patológico gravíssimo que pode levar à morte ou deixar seqüelas e deve, portanto, receber tratamento médico imediato.
Prostração Térmica
É devida a um distúrbio circulatório, resultante da impossibilidade desse sistema compensar a solicitação excessiva a que fica submetido e ocorre quando a quantidade de água ingerida é insuficiente para compensar a perda pela urina, sudação ou pelo ar exalado . Os sintomas variam desde dor de cabeça, tontura, mal estar, fraqueza, até inconsciência. O aspecto da pele é pálida, úmida, com temperatura variando entre sub-normal e levemente aumentada.
Câimbras de calor
São devidas à perda excessiva de cloreto de sódio pelos músculos em conseqüência de sudorese intensa. Caracterizam-se por espasmos dolorosos violentos, nos músculos mais solicitados durante o esforço físico. Apresenta-se na forma de dores agudas nos músculos, em particular os abdominais, coxos e aqueles nos quais a demanda física foi intensa.
A reposição hídrica e salina deve ser feita, porém com acompanhamento médico, a fim de evitar uma possível hipertensão por administração inadequada do Cloreto de Sódio. A administração de uma solução a 0,1% tem sido adotada com bons resultados.
Catarata
É uma doença ocular irreversível causada por exposição prolongadas (anos ) à radiação infravermelha intensa ( calor radiante ), e cujo tratamento requer cirurgia.
Edema pelo calor
Consiste no inchaço das extremidades, em particular os pés e tornozelos
Outras manifestações
Desidratação e erupções na pele, podem resultar, ainda, do trabalho realizado em ambientes quentes.
Entendimento das variáveis ambientais necessárias para se estudar as medidas de controle
Temperaturas de ar
Quando a temperatura do ar é inferior à da pele, a remoção de calor por convecção será tanto maior quanto menor for a temperatura do ar. Se o ar estiver a uma temperatura superior à da pele, ele cederá calor para o corpo por convecção.
Quanto à evaporação, a influência da temperatura do ar dependerá da umidade relativa e da velocidade do ar.
Umidade do ar
A umidade relativa do ar tem grande influencia na remoção de calor por evaporação, na medida em que a baixa umidade permite ao ar relativamente seco absorver a umidade da pele rapidamente, e, com isso, promover também de forma rápida a remoção de calor do corpo.
A alta umidade relativa produz o efeito inverso.
Velocidade do ar
É necessário conhecer a temperatura e a umidade do ar, para se analisar a capacidade de contribuição da ventilação na remoção de calor do corpo humano. Para a condição de ar não saturado e com temperatura inferior à da pele, pode-se afirmar que:
Quando a ventilação aumenta:
O processo de evaporação aumenta, porque a umidade do corpo é retirada mais rapidamente;
O processo de convecção aumenta, porque a velocidade de troca de ar que rodeia o corpo é maior.
Quando a ventilação diminui:
Os processos de convecção e evaporação diminuem.
Vestimenta
A roupa inadequada termicamente é um elemento que dificulta a remoção de calor do corpo.
Diminui a troca térmica por convecção porque é um obstáculo ao movimento do ar junto à pele.
Diminui o processo de evaporação do suor num grau que varia conforme a permeabilidade da roupa ao vapor de água. Quanto menor a permeabilidade da roupa, menor será a remoção de calor por evaporação.
A interferência da vestimenta na troca térmica por radiação depende principalmente da emissividade e absortância de radiação da roupa e do comprimento de onda da radiação.
Recomendações
Existe uma série de medidas forem adotadas onde houver fontes apreciáveis de calor, proporcionará, maior conforto e eficiência no trabalho.
Deve-se tentar o maior número de medidas, a fim de resguardar as condições mínimas necessárias à preservação da saúde e do conforto dos trabalhadores.
Após a adoção das medidas