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Calor em alto mar

Por: Mário Cesar -

Pouco se fala a respeito do calor nas atividades offshore, no entanto é sabido que atividades como as de cozinheiro, soldadores, lavanderias, sala de máquinas dentre outras,  podem  provocar estresse térmico, afetando diretamente o rendimento dos trabalhadores, causando reações fisiológicas como: sudorese intensa, aumento da frequência das pulsações, aumento da temperatura interna do corpo  e podendo inclusive facilitar a ocorrência de a acidentes por fadiga muscular, cãibras, tonturas, diminuição da percepção e perturbações psicológicas. Não se deve confundir desconforto térmico com estresse térmico, pois o primeiro é  uma sensação de mal estar experimentada por uma pessoa, como resultado da combinação insatisfatória, nesse ambiente, da temperatura radiante média, umidade relativa, temperatura do ambiente e velocidade do ar  e com a vestimenta usada pelas pessoas. O   índice de conforto é estabelecido pela NR-17 (Ergonomia) e deve situar-se entre 20 e 23 graus  Celsius, devendo ser calculado através da temperatura efetiva para os ambientes  que exijam solicitação intelectual e atenção constante tais como: Salas de controle, laboratórios, escritórios, camarotes, sala de leitura etc.  . Já a sobrecarga térmica é um risco grave que pode estar presente  pela exposição direta aos raios solares em ambientes a céu aberto em dias ensolarados   ou através de fontes artificiais emissoras de radiação térmica, e  cuja gravidade está normalmente associada concomitantemente com atividades físicas pesadas e taxas metabólicas correspondentes. A exposição ocupacional ao calor é calculada através do conjunto chamado de “Arvore dos Termômetros”  IBUTG (Índice de bulbo úmido-Termômetro de globo)  e o limite de tolerância está estabelecido no anexo 3 da NR 15 

Efeitos do calor

Reações do Organismo ao Calor
 
Existe no organismo humano um centro termo-regulador, localizado no hipotálamo, sensível às variações da temperatura do ambiente. Este centro é responsável por uma série de alterações fisiológicas cuja finalidade é manter a temperatura do corpo constante. Quando o organismo fica sujeito a uma sobrecarga térmica, várias reações de adaptação podem então ser verificadas.
 
Uma destas é a vasodilatação periférica que tem a finalidade de aumentar a circulação sangüínea na superfície do corpo, através da qual se fazem as trocas de calor com o ambiente, pelos mecanismos já mencionados .
 
Assim, graças a um aumento na vazão de sangue, maior quantidade de calor do núcleo do corpo é conduzido para a superfície, onde será dissipado, o que, por outro lado imporá um adicional no trabalho do sistema  cárdio-circulatório.
 
Outra reação termo-reguladora importante, é o acréscimo que se verifica na atividade das glândulas sudoríparas. O aumento da quantidade de suor produzido leva a uma perda maior de calor pelo mecanismo de evaporação descrito anteriormente.
 
Conforme as condições ambientais ,  pode o organismo sofrer alterações mais ou menos sérias.
 
Mesmo que não se manifestem estados patológicos de imediato nos trabalhadores, estando estes submetidos continuamente à uma sobrecarga térmica excessiva, à longo prazo, poderão vir a sofrer danos na saúde.
 
A seguir são apresentadas resumidamente, as características marcantes das principais doenças do calor:

Intermação ou Insolação
 
É devida a um distúrbio no centro termo-regulador, sendo que a pele do indivíduo apresenta-se seca, quente e avermelhada. Entre os sintomas incluem-se tonturas, vertigens, tremores, convulsões e delírios.
 
É um estado patológico gravíssimo que pode levar à morte ou deixar seqüelas e deve, portanto, receber tratamento médico imediato.

Prostração Térmica

É devida a um distúrbio circulatório, resultante da impossibilidade desse sistema compensar a solicitação excessiva a que fica submetido e ocorre quando a quantidade de água ingerida  é insuficiente para compensar  a perda pela urina, sudação ou pelo ar exalado . Os sintomas variam desde dor de cabeça, tontura, mal estar, fraqueza, até inconsciência. O aspecto da pele é pálida, úmida, com temperatura variando entre sub-normal e levemente aumentada.

Câimbras de calor

São devidas à perda excessiva de cloreto de sódio pelos músculos em conseqüência de sudorese intensa. Caracterizam-se por espasmos dolorosos violentos, nos músculos mais solicitados durante o esforço físico.   Apresenta-se na forma de dores agudas  nos músculos, em particular os abdominais, coxos e aqueles nos quais a demanda física foi intensa.

A reposição hídrica e salina deve ser feita, porém com acompanhamento médico, a fim de evitar uma possível hipertensão por administração inadequada do Cloreto de Sódio. A administração de uma solução a 0,1%  tem sido adotada com bons resultados.

Catarata

É uma doença ocular irreversível causada por exposição prolongadas (anos ) à radiação infravermelha intensa ( calor radiante ), e cujo tratamento requer cirurgia.

Edema pelo calor

Consiste no inchaço das extremidades, em particular os pés e tornozelos

Outras manifestações

Desidratação e erupções na pele, podem resultar, ainda, do trabalho realizado em ambientes quentes.
 
Entendimento das variáveis ambientais necessárias para se estudar as medidas de controle

Temperaturas de ar

Quando a temperatura do ar é inferior à da pele, a remoção de calor por convecção será tanto maior quanto menor for a temperatura do ar. Se o ar estiver a uma temperatura superior à da pele, ele cederá calor para o corpo por convecção.

Quanto à evaporação, a influência da temperatura do ar dependerá da umidade relativa e da velocidade do ar.

Umidade do ar

A umidade relativa do ar tem grande influencia na remoção de calor por evaporação, na medida em que a baixa umidade permite ao ar relativamente seco absorver a umidade da pele rapidamente, e, com isso, promover também de forma rápida a remoção de calor do corpo.
A alta umidade relativa produz o efeito inverso.

Velocidade do ar

É necessário conhecer a temperatura e a umidade do ar, para se analisar a capacidade de contribuição da ventilação na remoção de calor do corpo humano. Para a condição de ar não saturado e com temperatura inferior à da pele, pode-se afirmar que:

Quando a ventilação aumenta:

O processo de evaporação aumenta, porque a umidade do corpo é retirada mais rapidamente;
O processo de convecção aumenta, porque a velocidade de troca de ar que rodeia o corpo é maior.

Quando a ventilação diminui:

Os processos de convecção e evaporação diminuem.

Vestimenta

A roupa inadequada termicamente é um elemento que dificulta a remoção de calor do corpo.

Diminui a troca térmica por convecção porque é um obstáculo ao movimento do ar junto à pele.

Diminui o processo de evaporação do suor num grau que varia conforme a permeabilidade da roupa ao vapor de água. Quanto menor a permeabilidade da roupa, menor será a remoção de calor por evaporação.

A interferência da vestimenta na troca térmica por radiação depende principalmente da emissividade e absortância de radiação da roupa e do comprimento de onda da radiação.

Recomendações

Existe uma série de medidas forem adotadas onde houver fontes apreciáveis de calor, proporcionará, maior conforto e eficiência no trabalho.

Deve-se tentar o maior número de medidas, a fim de resguardar as condições mínimas necessárias à preservação da saúde e do conforto dos trabalhadores.

Após a adoção das medidas