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Recrutadores contam como avaliam os currículos recebidos

Recrutadores contam como avaliam os currículos recebidos

RIO - Já parou para pensar em como os recrutadores leem os currículos? Ter uma boa compreensão desta situação ajuda bastante na produção do material. Cuidar bem da forma e do conteúdo é fundamental para garantir a visibilidade deste, que pode ser o passaporte de entrada em uma vaga de emprego.

Pensando exatamente nisso, o aconselhador de carreira Rodrigo Ferraz, que dirige a empresa de consultoria empresarial Up Beat, escreveu um artigo sobre o tema. Segundo ele, como os processos seletivos estão mais lentos e com um contingente muito maior de candidatos, os recrutadores estão buscando cada vez mais objetividade durante a análise dos candidatos.

— Muitos cuidados na hora de elaborar um currículo ainda são vistos pelas pessoas como diferenciais, quando, na verdade, deveriam ser encarados como obrigação — afirma ele. — É o caso de descrever mais detalhadamente as experiências. É muito comum as pessoas apenas nomearem suas atribuições nas empresas. Mas queremos saber, na verdade, quais foram seus pontos fortes nessa atuação. A gente sabe, por exemplo, o que um gerente de marketing faz. O que importa, para nós, é conhecer qual ação o candidato tomou em relação a determinada marca e o que isso proporcionou.

A apresentação visual também deve ser uma preocupação. De acordo com Ferraz, quanto mais limpa for a aparência do documento, mais chances tem de atrair o olhar do recrutador.

— Tem gente que faz uma verdadeira colcha de retalhos, com informações truncadas e mistura de fontes — comenta.

VENDER O PEIXE

A coordenadora e professora dos MBAs da Fundação Getulio Vargas, Anna Cherubina Scofano, mostra uma visão prática sobre como os currículos devem ser pensados:

— O candidato tem que se colocar no lugar de um produto e pensar que, para que alguém queira compará-lo, precisa ser vendável. Ou seja, tem que mostrar seus benefícios.

Os selecionadores, como ela diz, também querem coerência. Eles analisam como a formação profissional e as experiências do candidato têm a ver com a vaga aberta.

— Não adianta ficar enchendo o currículo com experiências repetitivas e desconexas — recomenda Anna. — Então, a cada palavra escrita, a pessoa tem que se questionar se realmente tem algo a agregar.

Outro aspecto muito observado é o modelo utilizado. No passado, era comum esses documentos serem redigidos com informações como números de CPF e Identidade. Atualmente, isso caiu em total desuso. Nome, idade, contatos, endereço e estado civil estão de bom tamanho.

— Se a pessoa insiste nisso, acaba passando uma imagem de que está desatualizada — afirma Anna.

Monitora de Recursos Humanos do grupo de consultoria Insigne, Mariana de Assis está acostumada a avaliar currículos com olhar clínico. A cada processo aberto pela empresa, ela recebe cerca de 200 exemplares.

— A primeira coisa que vejo é se realmente está de acordo com a vaga, analisando o objetivo da pessoa e as funções que já exerceu. Ainda é muito comum profissionais de outras áreas mandarem seus dados para qualquer processo aberto, achando que terão alguma chance — comenta.

Depois dessa peneira, ela imprime os exemplares adequados e parte para a avaliação das experiências descritas e a formação. Ela também dá uma atenção especial para o local onde os candidatos residem. Quem está mais próximo à empresa soma pontos.

Já Ana Paula Montanha, sócia da Jobplex no Brasil, empresa especializada em recrutamento e seleção de executivos de alto escalão, conta que a primeira coisa que observa é a formação. Ela explica:

— Isso mostra o quanto a pessoa se dedicou à carreira e como ela se esforçou para se aprimorar. Para ser dedicado, o profissional precisa de gostar do que faz, e a quantidade de cursos e especializações dentro de sua área são indicadores disso.

E isso, segundo ela, não significa que tais informações devem ser as primeiras listadas. Ela espera apenas que estejam bem escritas.

— Os brasileiro têm mania de se apegar à ideia de que lemos apenas a primeira página. A preocupação não tem que ser essa. Tem que ser com o conteúdo — observa Ana Paula.

Jamais esquecer-se de que a mentira tem perna curta é outro mandamento. Ana Paula conta que muita gente insiste em inflar a carreira, e acaba se queimando para sempre na empresa.

— Certa vez, um executivo disse que havia se formado numa faculdade e, quando pedimos o comprovante, ele confessou que ainda não tinha terminado o curso — recorda-se.

EXIGÊNCIA TAMBÉM PARA INICIANTES

Jovens que estão inciando a vida profissional também devem ser criteriosos ao produzir um currículo. A assessora técnica de recrutamento e seleção da Fundação Mudes, Ana Paula Furlan, afirma que não é por estarem começando a carreira que a exigência vai ser menor.

Especializada em estágio e trainee, a fundação recebe cerca de 200 currículos por dia, dos quais, pelo menos, 30% têm alguma falha, de acordo com Ana Paula.

— Eles costumam se esquecer de informações essenciais, como telefone, bairro e estado civil — nota a assessora. — É muito comum listarem apenas um telefone residencial que nunca é atendido ou escrever algo com grafia errada, como nome de softwares que dizem dominar.

Obviamente, como essas pessoas estão no início da carreira, também é normal se sentirem inseguras por terem poucas experiências a serem listadas. Mas mentir ou citar atividades que não conversam com a vaga só vai atrapalhar.

— O ideal é que o estudante aproveite isso para pensar na carreira. É o momento de buscar cursos, trabalhos voluntários e até palestras que possam ser citadas — indica ela.

Para o superintendente executivo do Centro de Integração Empresa-Escola no Rio, Paulo Pimenta, também é importante fugir do modelo-padrão:

— O material deve ser adequado à cada empresa. O estudante precisa conhecer o perfil da companhia e priorizar as experiências que interessem ao recrutador.

Outro aspecto interessante para o candidato, segundo Pimenta, é mostrar um pouco da sua personalidade por meio de algumas atividades.

— É o caso daqueles que fazem algum trabalho voluntário ou ação cultural — ilustra ele, ressaltando que isso deve ser feito com parcimônia. — Não adianta ficar enchendo de penduricalhos, porque vira excesso.

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